sexta-feira, 18 de março de 2011

Passivo e pacífico


Assisti novamente o filme “Gandhi”, fazia tempo que o procurava e numa dessas viagens que tenho feito ultimamente encontrei em uma loja de S. Paulo. Valeu à pena, o filme apesar de muito longo é um espetáculo. Aqueles que gostariam de entender o que significa sabedoria é só dar uma olhada, vai sobrar admiração e levar muito tempo de reflexão.
O que mais me chamou a atenção no filme é a forma como o grande sábio enfrentou a violência, a arbitrariedade e a truculência dos colonizadores ingleses. Os que pensam em personagens como Gandhi que defenderam a não-violência com a própria vida, às vezes caem na armadilha de interpretá-los como bonzinhos, sujeitos a manipulação dos poderosos e ingênuos diante de seus direitos. Não é esse o ensinamento do filme, o franzino e grande indiano, advogado formado na Inglaterra, andava com a cabeça bem erguida e enfrentou as adversidades com uma sabedoria totalmente inovadora para aquela situação, foi tão desconcertante que os ingleses não tiveram outra alternativa senão dar a independência da Índia, caso contrário passariam para a história como um povo totalmente contrário a sua tradição democrática e verdadeiros déspotas.
Outro personagem muito importante da história da humanidade que nos trouxe grandes lições foi Jesus, o grande mestre, que estabeleceu com sua presença na terra e suas mensagens um divisor de águas no tempo, antes e depois de Cristo. Uma passagem bastante interessante da sua vida foi o diálogo travado com Pilatos, veja abaixo:
(...)Pilatos olhou para Jesus com assombro e disse-Lhe: “És então o rei dos judeus?” – Jesus respondeu: “Dizeis isto de ti mesmo ou foram outros que t’o disseram de mim?” Pilatos, indignado de ver Jesus julgá-lo tão tolo, que fosse espontaneamente perguntar a um homem tão pobre e miserável se era rei, disse em tom desdenhoso: “Por acaso sou judeu, para me interessar por tais misérias? Teu povo e seus sacerdotes entregaram-Te a mim, para condenar-Te como réu de crime capital; dize-me, pois o que fizeste”?

Respondeu-lhe Jesus, em tom solene: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, eu teria servidores, que combateriam por mim, para não me deixar cair nas mãos dos judeus; mas o meu reino não é deste mundo”. Pilatos estremeceu, ao ouvir essas graves palavras de Jesus e disse pensativo. “Então és mesmo rei?” – Jesus respondeu. “É como dizes, sou rei. Nasci e vim a este mundo para dar testemunho da verdade e todo que é da verdade, atende à minha voz”. – Então Pilatos fitou-O e levantando-se, disse: “Verdade? O que é a verdade?” (...)

Esse diálogo é um grande paradigma de sabedoria e demonstração de como devemos nos portar para defender, mesmo em situações extremamente adversas, nossos direitos e nossos pontos de vista, mesmo os maus e perversos ficam desarmados diante da verdade e serenidade.
Jesus e Gandhi foram pacíficos em todas as suas ações, porém muito longe da passividade, onde o cidadão se coloca na posição de inferior, se deixa envolver pelo erro de outrem, e acaba sendo conivente com os maiores absurdos que só a consciência pesada é capaz de mudar.
É importante estarmos atentos aos ensinamentos desses dois verdadeiros mestres para vivenciarmos nossa cidadania. Não podemos abdicar de nossos direitos, não podemos nos deixar envolver por falsos líderes, precisamos lutar e buscar a vitória da verdade, por que aceitar a mentira se as leis nos respaldam e nos acobertam?
Gandhi disse: “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.”
E o que está faltando?

Por Nilson Mesquita

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