terça-feira, 5 de abril de 2011

Quando chegar o fim

A poesia "Quando chegar o fim" espelha-se e homenageia a luta árdua e "quase" em vão que tantos idealistas da cultura levantam para estabelecer no ceio da sociedade a conscientização do belo, do justo e do ético. Em Capanema no Nordeste do Pará os poetas Paulo Vasconcellos, Stélio Vasconcellos, Beto Buarque, Grupos de Rock como o DDT, artistas plásticos como o Claus, esportistas como Edmar Carvalho, entre outros tantos, se debatem em conturbado, engessado e amordaçado sistema de governo que não encherga um palmo à frente, onde educação e cultura são meros e pequeníssimos coadjuvantes.

Idas e vindas
luta todo o dia,,
o final cotidiano,
o ideal que se esvai.
Porque tanta determinação?
para que suar em demasia?
vejo o homem esgotado,
vi quando ele caiu,
levantou torturado,
frustrado,
sem expressão.
Não reclama,
não agride,
espera, carente,
vive do coração,
mas a razão o consome,
não sabe calcular.
Somente se manifesta,
e quer ser visto,
ser notado,
dizer quem é,
falar que pensa mudar.
Muitos lhe dão ouvidos,
sabem da sua angústia,
mas a agonia não cessa.
Anos e anos torturado,
uma busca incessante,
empurrado pela utopia,
quer mesmo jogar a toalha,
mas essa força lhe empurra,
sedento,
em frangalhos,
se arrastando como serpente.
Não entende que não lhe entendem,
tão claro que é,
é ávido,
se vê no anfiteatro,
a luz sobre si,
os olhos e mentes extasiados,
os braços abertos,
a felicidade de se pôr,
as idéias devoradas, a intimidade invadida.
É o céu ou é o sonho?
não sabe mais, 
foi consumido pelo espetáculo, 
confundiu-se com o personagem.
Será o fim?
o homem do lado lhe diz:
subiu apenas um degrau de uma longa e tenebrosa escada.
Se imaginou só todo o tempo,
escuridão,
solidão,
desilusão,
e agora de olhos abertos,
é que viu gente.
Simbiose,
sintonia,
admiração.
Ele já sabe,
quando chegar o fim...,
não, não, o fim não chegará,
agora é que vai começar!

Nilson Mesquita

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