sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Especialista defende produção de abelhas sem ferrão na Amazônia

Mel amazônico poderia ser exportado para outros países, acredita. ’A grande reserva de abelhas sem ferrão está na Amazônia’, diz.
A produção e exportação do mel de abelhas sem ferrão na Amazônia podem ser uma alternativa econômica viável para as comunidades da região. A ideia foi defendida pelo coordenador do Departamento de Entomologia do Instituto Nacional Pesquisas da Amazônia (Inpa) e especialista em interações abelha-planta e taxonomia, Márcio Luis de Oliveira, em uma conferência sobre o tema, neste sábado (26), durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre em Rio Branco.
Segundo o especialista, embora as abelhas sem ferrão possam ser encontradas em praticamente todos os países tropicais, não existe atualmente população mais diversa que a encontrada na Amazônia, com aproximadamente 150 catalogadas até o momento. Isso colocaria a Amazônia em vantagem na produção do mel nativo.
“No México havia, mas as abelhas desapareceram por conta do crescimento das cidades, desmatamento. Então a grande reserva de abelhas sem ferrão está na Amazônia, temos uma quantidade enorme de espécies e poderíamos canalizar isso aí para melhoria de renda, da qualidade de vida da população”, enfatiza.
Oliveira acredita que se bem organizada, a ideia poderia ganhar o mercado internacional por conta do cárater “exótico” do produto.
“Os EUA não têm esse mel, o Japão não tem, Europa não tem, então se isso entra na mesa dessas pessoas eles pagariam um preço alto, porque é uma coisa exótica. Assim como nós pagamos hoje por um salmão. Imagina, um produto orgânico da Amazônia, praticado pelos índios e ribeirinhos. Entraria [no mercado] com um preço bastante vantajoso”, especula.
O especialista diz ainda que mesmo que o produtor não trabalhe com a produção de mel, poderia criar abelhas para alugar para que elas fizessem a polinização em criações de cupuaçu, pupunha de outros produtores rurais.
Incentivos
Porém, para o projeto “decolar”, o pesquisador diz que é preciso incentivo do poder público.  ”Existem instituições e gente interessada, mas precisa de incentivo fiscal.  Porque um agricultor descapitalizado que vive da produção de farinha ou banana, não tem capital para investir em colméias, fazer treinamento, a compra dos primeiros equipamentos”, diz.
Abelhas africanizadas
Porém, as perspectivas são boas para a criação de abelhas sem ferrão na Amazônia, o mesmo não pode ser dito das abelhas africanizadas, aquelas que possuem ferrão e geralmente são encontradas na maioria das cidades brasileiras.
“Pensou-se que a criação de abelhas africanizadas seria uma alternativa para alavancar a produção de mel no Brasil. Porque o pensamento era assim: temos uma grande dimensão territorial e a mais rica floresta do mundo. Pensava-se que com isso a apicultura iria suplantar por exemplo a Argentina, mas o que se descobriu é que as abelhas africanizadas nem sequer visitam as plantas da floresta amazônica. Por alguns motivos que a gente ainda está investigando”, relata.
Por conta disso o pesquisador diz que não é recomendado pensar em apicultura em grande escala em áreas de floresta. Apenas em áreas que já foram desmatadas e ao longo de estradas. “Seria uma boa alternativa de renda para as famílias de agricultores, acho que poderia entrar como um acréscimo na alimentação e na renda”, defende.
Por: Yuri Marcel
Fonte: G1 

Desmatamento da Amazônia aumenta poluição em países da América do Sul

Desmatamento da Amazônia aumenta poluição em países da América do Sul