domingo, 17 de janeiro de 2010

Todos os jeitos de crer - 21 de janeiro – Dia nacional de combate a intolerância religiosa



No Brasil temos a alegria de sermos um país pouco dado ao fundamentalismo religioso.
Infelizmente não podemos dizer que é uma unanimidade, porém já avançamos bastante quando tratamos da questão intolerância religiosa.
Há uns vinte anos atrás me encontrava em Porto Velho, Rondônia, em plena febre do ouro, onde bairros inteiros surgiam da noite para o dia. Certo dia, da carroceria de um caminhão, observei um pastor em um púlpito de madeira velha e apenas dois bancos rústicos à frente onde estavam sentadas duas senhoras que prestavam atenção a pregação de forma comoventemente compenetrada. Não havia ali um teto para acomodar o pequeno grupo de três, que de tão envolvidos nas suas orações nem percebiam nossa admiração, parados ali, olhando extasiados para aquela demonstração de fé e esperança. Um amigo no nosso grupo, chorava emocionado, e dizia-nos: - aqui nasce um templo onde o amor e a esperança, a paz e a harmonia e principalmente a força do ideal será sempre a base para todas as ações dos crentes desta casa.
Acompanhei por mais ou menos dois anos aquele “micro templo” transformando-se num grande templo religioso com seus adeptos e suas bíblias entrando e saindo orgulhosos com a garantia de poderem exercer com liberdade sua opção religiosa. O meu amigo dizia, empolgado: Lindo! Lindo! Lindo! Realmente valeu muito a pena observar o desenrolar daquela história de determinação e fé naquele bairro longínquo e pobre.
O grande Francisco de Assis ficou extremamente aflito quando, continuava ouvindo insistentemente aquela voz divina, após construir com um enorme esforço a sua primeira igreja, carregando pedras pesadas, com os pés descalços: - Francisco constrói a minha igreja! Mas como, se ele acabava de construir e estava tão cansado de tanto trabalhar! Nesse dia caminhava por uma pequena estrada refletindo intensamente que nem prestou atenção no homem que passava por ele lhe pedindo ajuda. Apenas colocou umas moedas em suas mãos e continuou sua caminhada. Andou alguns metros, matutando, mas derrepente parou assustado, pois percebeu que as moedas tinham caído ao chão, voltou rapidamente e o homem ainda permanecia de pé, no mesmo lugar, estático, sem ação. As moedas haviam caído, simplesmente porque ele não tinha mãos, a hanseníase as havia consumido. Francisco muito compadecido e com aquele amor que lhe era peculiar olhou o homem, um trapo humano, vestes em frangalhos, um capus sobre a cabeça escondia-lhe o rosto, no lugar das mãos e pés apenas panos velhos enrolados, estava ali um ser humano em total miséria. O santo de Assis chorava copiosamente e jogou-se de joelhos aos pés do homem e o abraçou com todas as suas forças. Pegando-o pelos braços seguiram juntos para o campo onde Francisco nunca mais ouviria a voz que lhe dizia para construir sua igreja, finalmente ele entendera a orientação divina. A igreja não era material, não tinha paredes, nem altares, nem tapetes, ela estava no coração, onde o amor dormia muitas vezes esperando a atitude de seu dono na direção do bem.
Desde que existe no mundo, o ser humano sempre teve algum tipo de religião. Deuses, espíritos, forças da natureza – em todos os tempos, a humanidade acreditou em alguma coisa.
Geralmente as pessoas procuram na religião a resposta a certas perguntas que todo ser humano gostaria de ver respondidas: porque existe o mundo? Quem criou o universo? Para que nascemos? Existe vida depois da morte? .... Sentem medo; outras vezes, experimentam amor, adoração, emoção para algo invisível. Sentem que, além daquilo que podem ver, ouvir e tocar, existe esse “algo”. É esse “algo” – misterioso e comovente – que faz parte das religiões.
Assim entendemos posturas e histórias como daquele pastor de Porto Velho e de Francisco de Assis, entre tantos exemplos pelo mundo e história da humanidade.
O mais importante de tudo é que as religiões nos ensinam uma forma melhor de viver. Elas nos dão princípios. Solidariedade, amor ao próximo, piedade e justiça, por exemplo, são idéias que as religiões em geral ensinam ao ser humano que ele é capaz de melhorar, ser mais feliz, conquistar a si mesmo e ser mais solidário com o outro!
Porque então as guerras religiosas em nome de Deus? E aquelas pessoas que seguem uma religião e mesmo assim são pessoas que praticam o mal e são desonestos? Isso quer dizer que as religiões são ruins? Não; de modo algum! É que às vezes as pessoas estragam as coisas mais sagradas. A responsabilidade é delas e não das religiões.
Dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, e é um dia que nos remete a uma reflexão de grande importância nos nossos dias, pois ainda há um grande desconhecimento do papel de cada um como ser humano com sua crença que respeita a crença do outro. A constituição brasileira de 5 de outubro de 1988, em seu artigo 5º diz: (...) no parágrafo VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
Existem mais de 40 mil nomes de crenças e de idéias religiosas em todas as épocas da humanidade entre todos os povos que vivem e já viveram no mundo, vejamos as de maior número de adeptos atualmente:

Cristianismo: 2 bilhões
Islamismo: 1,3 bilhão
Hinduismo: 900 milhões
Budismo: 360 milhões
Tradições chinesas: 225 milhões
Tradições indígenas: 150 milhões
Tradições africanas: 95 milhões
Judaísmo: 13 milhões
Não seguem nenhuma religião: 850 milhões

Martinho Lutero, o grande reformista afirmou: “A fé é livre e ninguém pode ser obrigado a crer”, frase universal e tão atual que precisa continuar sendo formulada incansavelmente em todos os templos e atividades religiosas independentemente da crença.

Veja nos próximos dias aqui neste site mais informações sobre algumas importantes religiões no mundo.

Por Nilson Mesquita
Apoio bibliográfico Dora Incontri e Alexandro Bigheto

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O Mundo



O Mundo

Zeca Baleiro
Composição: André Abujanra

O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano, italiana
O mundo, filé à milaneza
tem coreano, japones, japoneza

O mundo é uma salada russa
tem nego da Persia, tem nego da Prussia
O mundo é uma esfiha de carne
tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire

O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
Açucar é doce, o sal é salgado

O mundo - caquinho de vidro -
tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente

Por que voce me trata mal
se eu te trato bem?
Por que você me faz o mal
se eu só te faço bem?

(Repete tudo)

Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas linguas