terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Empregos no mercado de carbono aguentaram bem a recessão

Jéssica Lipisnki, do Instituto CarbonoBrasil/CarbonPositive

Um levantamento feito mundialmente pela empresa de recrutamento Acre Resources e pela consultoria corporativa sustentável Acona revelou que os empregos e salários no setor de mudanças climáticas e carbono parecem estar enfrentando bem as atuais dificuldades econômicas.A estimativa, única no setor feita em nível mundial, analisou 944 participantes da área de mudanças climáticas, mercados de carbono, energias renováveis e tecnologias verdes em todos os continentes. De acordo com a pesquisa, a média salarial aumentou, e em todas as regiões foi registrado o crescimento nos níveis de segurança no trabalho e de satisfação, comparados aos de 2009.
Segundo Paul Burke, sócio da Acona, aparentemente a recessão mundial teve pouco impacto nas condições de trabalho do setor de carbono. “Para mim, isso sugere que os interesses na área - dos setores, público, privado e de serviços - continuam fortes”. Para Andy Cartland, diretor da Acre Resourses, um dos sinais mais preocupantes na América do Norte foi que o número de funcionários do setor caiu 7%. Isso talvez se deva ao fato do pouco sucesso que a administração Obama enfrentou ao longo do ano elaborando leis para o plano ‘cap-and-trade’ e para outras medidas regulatórias.
Os melhores resultados foram observados na Australásia; a média salarial mais alta, os melhores níveis de segurança no trabalho e os profissionais mais satisfeitos. Isso porque a região escapou do pior da crise financeira mundial, com a Austrália liderando os esforços para evitar a recessão. Os empregos nessa área mantêm-se relativamente estáveis, principalmente depois que a Nova Zelândia desenvolveu incentivos para o setor de carbono da região.
No último ano, a média salarial apresentada no setor de carbono foi de $US79 mil, dois mil dólares mais alta que a de 2009. A Australásia teve a maior média salarial anual, com $US115 mil, seguida da América do Norte, com $104 mil, da Europa e do Reino Unido, com $81 mil, do Oriente Médio, com $74.500, da América Latina, com $66.500, do Leste Asiático, com $60.500, da África, com $57 mil e das outras regiões da Ásia, com cerca de $40 mil.
Evy Tykgaard, especialista em contratação da empresa de turbinas eólicas Vestas Wind Systems, afirma que a estimativa aponta que, apesar de próspero, o setor ainda é imaturo, com grande disparidade de salários e bônus. “Acredito que no futuro isso possa mudar à medida que estratégias sustentáveis e ambientais comecem a se tornar tendência nos procedimentos empresariais”, diz Tykgaard.
Os trabalhadores no ramo de carbono tendem a ser altamente qualificados, sendo que mais de um terço tem pós-graduação e quase 60% tem pelo menos a graduação. Talvez o maior sinal de imaturidade do setor seja o fato de que profissionais com qualificações específicas em mudanças climáticas e ganhem menos que aqueles que têm qualificações mais tradicionais, não relacionadas especificamente a este mercado.
A proporção de funcionárias no último ano cresceu de 24% para 31%, mas a diferença entre os salários anuais de homens e mulheres aumentou de $15 mil para $20 mil. Apesar dos altos salários, o pagamento de bonificações não é uma prática comum no setor. “Para muitos profissionais que trabalham com mudanças climáticas e mercado de carbono, os bônus não são parte dos pacotes de remuneração”, conclui o estudo. E para os que recebem bonificações, o valor destas diminuiu - drasticamente, em algumas regiões.
Nas questões sobre segurança no trabalho, a América Latina e a Australásia alcançaram os maiores níveis, alegando que as condições melhoraram de um ano para o outro. As organizações não-governamentais, as consultorias e os setores governamentais atingiram os maiores percentuais de insatisfação com a segurança laboral, provavelmente em função dos cortes orçamentários anunciados por muitos governos no último ano.
Ainda assim, 73% dos participantes do levantamento disseram que estavam satisfeitos com seus empregos. Regionalmente, os mais satisfeitos foram os profissionais da Australásia. Os participantes do Oriente Médio e da Ásia Ocidental tiveram os menores níveis de satisfação no trabalho. Os níveis de satisfação profissional na América do Norte e no Reino Unido cresceram cerca de 3%, e no resto da Europa esses níveis permaneceram os mesmos.
Fonte: Mercado Ético/Instituto CarbonoBrasil

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