segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estudo realizado pela OIT reforça elo entre trabalho infantil e trabalho escravo

Repórter Brasil

As conexões do trabalho escravo tanto com o trabalho infantil quanto com as limitações da política de reforma agrária foram reforçadas pelo estudo Perfil dos principais atores envolvidos no Trabalho Escravo Rural no Brasil. A pesquisa traçou os perfis dos atores envolvidos no trabalho escravo e foi lançada em 25 de outubro pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Entrevistas realizadas com 121 libertados de dez fazendas no Pará, Mato Grosso, Bahia e Goiás, entre outubro de 2006 e julho de 2007, mostraram que praticamente todos (92,6%) começaram a trabalhar antes dos 16 anos de idade. A idade média do início na “vida profissional” dos consultados ficou em apenas 11,4 anos. Cerca de 40% começaram ainda antes disso.
A atividade inicial da maioria (69,4%) dos entrevistados se deu em âmbito familiar, mas uma parcela significativa de 30,6% enfrentou logo de cara o trabalho diretamente subordinado a um patrão (20,6% de maneira como empregado individual e 10% juntamente com a família).

sábado, 29 de outubro de 2011

Cidadão do mundo - Carlos Drummond de Andrade


Itabira31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro17 de agosto de 1987 - poetacontista e cronista brasileiro.


O grande poeta tem tantas poesias de alto nível que é quase impossível escolher um exemplo para colocar aqui. Hoje, assistindo a cantora Adriana Calcanhoto na TV ela comentou sobre a poesia Elefante, a qual achei lindíssima. Veja essa obra prima abaixo:


O Elefante



Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos moveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
e é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
e as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mudança


Hoje eu quero mudar.

Não precisa ser nenhuma mudança radical de visual ou de hábitos.
Eu quero mudar a hora que eu acordo, quero mudar de lugar na sala de aula, quero mudar minha forma de escrever, quero ver outros rostos.
Estou cansada da mesmice, de ver todos os dias as mesmas pessoas, falando as mesmas besteiras. Estou cansada da rotina. Estou cansada de não ter um alguém para eu me apaixonar, me iludir, chorar quem sabe...
Hoje, para muitos, talvez seja um dia normal, que se repete a cada semana. No entanto, para mim, hoje será dia de mudança.
Hoje, serei mais bonita, mais alegre, mais sorridente.
Hoje, escutarei os meus amigos, pedirei abraços deles e das pessoas com que eu nem falo muito. E daí se eu for ridícula!
Hoje, eu quero ser gentil, generosa, quero ajudar velhinhoas a atravessarem ruas, quero dar dinheiro aos mendigos.
Quero gritar sem medo de ser ouvida, ser medo de ser julgada.
Quero beijar a primeira pessoa por quem eu me sentir atraída, depois rir e sair correndo. Seradolescente novamente.
Hoje que quero dizer "eu te amo" para todos os que me odeiam, e quero poder jogar isso na cara deles. Não sou santa.
Quero me sentir livre, sem responsabilidades, sem tarefas a cumprir.
Quero, apenas por hoje, ser diferente, sem correr o risco de estar fazendo "tipo" ou de estar sendo falsa.
Quero acordar e simplismente ser...

Autora: Fernanda Aguiar

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Líder comunitário é assassinado no Pará por denunciar extração ilegal de madeira

Neste sábado foi assassinado o líder comunitário João Chupel Primo, 55 anos, em Miritutuba, município de Itaituba, no Pará.  Ele morreu com um tiro na cabeça ao lado da oficina mecânica onde trabalhava.  João denunciava a grilagem de terras e extração ilegal de madeira na Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e na Floresta Nacional Trairão.

Segundo Ministério Público Federal, o crime tem relação direta com as denúncias que Chupel fez em Altamira.  Ele já havia registrado boletins de ocorrência na Polícia Civil de Itaituba e passado detalhes sobre os madeireiros que agem na região para a Polícia Federal em Santarém e para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração das Unidades de Conservação que estão sendo invadidas por madeireiros.
Chupel era uma liderança do Projeto de Assentamento Areia e, de acordo com ele, os madeireiros vinham usando o assentamento como porta de entrada para as matas ainda relativamente preservadas que fazem parte do Mosaico de Conservação da Terra do Meio.
Em nota divulgada essa semana, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) responsabiliza o atual governo, o IBAMA/ICMBIO, Polícia Federal pela morte de João.  "Já foram assassinadas mais de 20 pessoas nessa região de 2005 até hoje.  Quantas vidas humanas e lideranças ainda tombarão?", questiona o texto.
O Bispo da Prelazia de Itaituba, Dom Frei Wilmar Santin, também circulou um texto em que denuncia "o assassinato covarde de mais um defensor da natureza na Amazônia".  Em sua nota, o bispo cobra medidas contra a impunidade: "quando os defensores da natureza e da legalidade vão deixar de serem mortos?  Quando o Governo Federal colocará a Polícia Federal para agir no Pará?".

Fonte: Amazonia.org.br

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Justiça autoriza mais de 33 mil crianças a trabalhar em lixões, fábricas de fertilizantes e obras

Alex Rodrigues, da Agência Brasil
Juízes e promotores de Justiça de todo país concederam, entre 2005 e 2010, 33.173 mil autorizações de trabalho para crianças e adolescentes menores de 16 anos, contrariando o que prevê a Constituição Federal. O número, fornecido à Agência Brasil pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), equivale a mais de 15 autorizações judiciais diárias para que crianças e adolescentes trabalhem nos mais diversos setores, de lixões a atividades artísticas. O texto constitucional proíbe que menores de 16 anos sejam contratados para qualquer trabalho, exceto como aprendiz, a partir de 14 anos.
Os dados do ministério foram colhidos na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Eles indicam que, apesar dos bons resultados da economia nacional nas últimas décadas, os despachos judiciais autorizando o trabalho infantil aumentaram vertiginosamente em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Na soma do período, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina foram as unidades da Federação com maior número de autorizações. A Justiça paulista concedeu 11.295 mil autorizações e a Minas, 3.345 mil.
Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização do Trabalho Infantil do MTE, Luiz Henrique Ramos Lopes, embora a maioria dos despachos judiciais permita a adolescentes de 14 e 15 anos trabalhar, a quantidade de autorizações envolvendo crianças mais novas também é “assustadora”. Foram 131 para crianças de 10 anos; 350 para as de 11 anos, 563 para as de 12 e 676 para as de 13 anos. Para Lopes, as autorizações configuram uma “situação ilegal, regularizada pela interpretação pessoal dos magistrados”. Chancelada, em alguns casos, por tribunais de Justiça que recusaram representações do Ministério Público do Trabalho.
“Essas crianças têm carteira assinada, recebem os salários e todos seus benefícios, de forma que o contrato de trabalho é todo regular. Só que, para o Ministério do Trabalho, o fato de uma criança menor de 16 anos estar trabalhando é algo que contraria toda a nossa legislação”, disse Lopes à Agência Brasil. “Estamos fazendo o possível, mas não há previsão para acabarmos com esses números por agora.”
Atividades insalubres
Apesar de a maioria das decisões autorizarem as crianças a trabalhar no comércio ou na prestação de serviços, há casos de empregados em atividades agropecuárias, fabricação de fertilizantes (onde elas têm contato com agrotóxicos), construção civil, oficinas mecânicas e pavimentação de ruas, entre outras. “Há atividades que são proibidas até mesmo para os adolescentes de 16 anos a 18 anos, já que são perigosas ou insalubres e constam na lista de piores formas de trabalho infantil.”
No início do mês, o MPT pediu à Justiça da Paraíba que cancelasse todas as autorizações dadas por um promotor de Justiça da Comarca de Patos. Entre as decisões contestadas, pelo menos duas permitem que adolescentes trabalhem no lixão municipal. Também no começo do mês, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou as autorizações concedidas por um juiz da Vara da Infância e Juventude de Fernandópolis, no interior paulista.
De acordo com o coordenador nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Rafael Dias Marques, a maior parte das autorizações é concedida com a justificativa de que os jovens, na maioria das vezes de famílias carentes, precisam trabalhar para ajudar os pais a se manter.
“Essas autorizações representam uma grave lesão do Estado brasileiro aos direitos da criança e do adolescente. Ao conceder as autorizações, o Estado está incentivando [os jovens a trabalhar]. Isso representa não só uma violação à Constituição, mas também às convenções internacionais das quais o país é signatário”, disse o procurador à Agência Brasil.
Marques garante que as autorizações, que ele considera inconstitucionais, prejudicam o trabalho dos fiscais e procuradores do Trabalho. “Os fiscais ficam de mãos atadas, porque, nesses casos, ao se deparar com uma criança ou com um adolescente menor de 16 anos trabalhando, ele é impedido de multar a empresa devido à autorização judicial.”
Procurado pela Agência Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não se manifestou sobre o assunto até a publicação da matéria.
(Agência Brasil)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Artistas contra as mudanças no Código Florestal

Amazonia.org
Em apoio à campanha Floresta Faz a Diferença, atores, diretores de cinema e professores gravaram vídeos em que se posicionam contra o Projeto de Lei que altera o Código Florestal Brasileiro. A iniciativa foi do diretor de cinema Fernando Meirelles e recebeu o apoio de artistas como Gisele Bündchen (veja vídeo abaixo), Rodrigo Santoro, Alice Braga e Wagner Moura.
Os vídeos foram feitos pelos próprios artistas, que se filmaram com câmaras improvisadas de celular ou computador. Os 25 vídeos, cada um com aproximadamente um minuto, serão enviados para os e-mails dos senadores e disponibilizados no site da campanha.
O movimento Floresta Faz a Diferença é composto por mais de cem entidades contrárias a aprovação do Código como passou na Câmara. Entre elas, WWF Brasil, Greenpeace, SOS Mata Atlântica , Coalizão SOS Floresta, dentre outras.
No site da campanha também existe um abaixo-assinado contra as mudanças do Código Florestal. Para assinar acesse:http://www.florestafazadiferenca.org.br/assine/
O projeto de lei foi aprovado no dia 21 de setembro na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, mas ainda deverá passar por outras três comissões, antes de ser votado em plenário. O deputado Luiz Henrique (PMDB-SC) relator do projeto nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), fará a apresentação de seu relatório na próxima terça-feira (25), em reunião conjunta das duas comissões.
(Amazônia.org)

domingo, 16 de outubro de 2011

Movimento contra a poluição sonora e música ruim

Ninguém aguenta mais o bregão em som estridente e ensurdecedor. Os caras pensam que estão arrasando, mas estão dando na verdade um sinal de ignorância musical e seguidores da mídia irresponsável que não tem comprometimento com a qualidade. É bom lembrar que cultura, valorização de raízes culturais, não tem nada a ver com a divulgação de músicas de baixa qualidade que tanto os meios de comunicação publicam.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O som que esmaga a poesia da natureza

Hoje fui dar uma volta em Peixe Boi, a tarde estava bem suave, o sol já iniciava seu sempre belíssimo ritual multicolorido do final do dia, trafegávamos suavemente pela estradinha. Pedi que fôssemos bem devagar, curtindo a estrada, a paisagem, os igarapés, em fim, era meu momento de romantismo, que por sinal tem sido raro nos últimos tempos, queria portanto aproveitar ao máximo aquele fim de tarde. Na cidade de Peixe Boi soubemos que havia um lugar chamado Urubuapara, que disseram ser muito bonito. Idealizei imediatamente o lugar, pensei assim, um igarapé sobre as árvores, redes estendidas entre os troncos, crianças brincando nas águas cristalinas, poderíamos inclusive ouvir suas alegres risadas. Entramos por um ramal carroçável, foram uns cinco minutos até chegar no balneário. Fiquei impressionado com a beleza natural do lugar, era mais bonito que minhas imagens mentais. Normalmente isso acontece comigo, a natureza sempre mostra-se mais bonita e surpreendente que meus pensamentos. Estávamos com o carro fechado, com os vidros levantados e com o ar condicionado ligado. Fiquei ansioso para sair e curtir aquele lugar, me pareceu bem interessante, mas me decepcionei logo que sai do veículo, pois nos três bares às margens do igarapé havia uma “música” de péssima qualidade e numa altura que deixava os ouvidos totalmente irritados e destrambelhados. Perdi imediatamente da vista a paisagem que me cativara desde que cheguei, fiz um esforço imenso para apreciar o ambiente, meu filho entrou na água e brincou alegremente, mas o som era tão ruim e ensurdecedor que não havia mais espaço para apreciar nada, a beleza da natureza sucumbiu diante da horrível música e da altura desequilibrante do som. Me deu vontade de sair de lá imediatamente e fiquei pensando como aquelas pessoas conseguiam curtir aquele ambiente se isolando naquela ensurdecedora e horrível música. Não existe mais poesia naquele espaço natural, nesses momentos, acredito, nada, nenhum espaço sublime da natureza é notado, as vozes se calam, os diálogos não se estabelecem, as relações apodrecem.
Voltamos pela mesma estradinha para Capanema e fiquei pensando que um outro dia voltaria para apreciar aquele lugar sem aquela poluição sonora, acho que seria mais justo para mim e para a natureza, pois ela não merece não ser apreciada e saudada como mãe de todas belezas e emissora da paz em nossas vidas. O sol ia se pondo e a estrada escurecendo em uma penumbra leve, a decepção de antes agora já não mais existia, pois a poesia da natureza voltara, o som que ouvíamos quando paramos o carro às margens da rodovia era das folhas das árvores que balançavam, os pássaros com seus cantares, o barulho das correntes nos estreitos igarapés que cortam a estrada, o som das criações nas fazendas e ainda por cima podíamos nos ouvir, conversar e viver como parte integrante da natureza, não para massacrá-la com nossas tecnologias mas para compartilharmos juntos das benesses do mesmo planeta. A paz tinha voltado e assim, calmos e tranquilos retornamos para o lar.
Caboco Nirso

domingo, 9 de outubro de 2011

Círio de Nazaré - Visão Espírita

A fé e a emoção coletiva que falam mais que as dúvidas e a intolerância. Todo mês de outubro em Belém, capital paraense, ocorre a maior festa religiosa do Brasil e também do planeta. Trata-se do Círio de Nazaré. Apenas a título de curiosidade, conheceremos um pouco da história da festa antes de entrarmos na questão moral, relativa à mesma. Conta a história que em 1700, um homem chamado Plácido teria encontrado entre as pedras uma imagem de Maria – mãe do Cristo – em madeira, medindo aproximadamente 28 centímetros. Ela estava  amamentando seu filho. Plácido então, resolveu limpá-la e dar-lhe um altar na própria casa. No entanto, por diversas vezes, a imagem retornava ao lugar onde fora encontrada. Interpretando tal fato como milagre, Plácido resolveu construir uma pequena ermida no lugar onde fora encontrada. Neste lugar hoje se encontra a basílica de Nazaré. A imagem atraía tamanha atenção do povo que o governador da época, Francisco Coutinho, determinou  sua remoção para o palácio da cidade, em Belém, colocando inclusive, guardas para vigiá-la durante as 24 horas do dia. Não demorou muito, e segundo a história, a imagem retornou a pequena ermida. A partir desse momento, a devoção tornou-se ainda maior na região originando-se, em 1773, na festa do Círio de Nazaré.Engana-se quem imagina que adentraremos na questão do culto a imagens, seria superficial e injusto classificar ilegítima uma festa de mais de 200 anos, a qual atrai mais de 2 milhões de pessoas, por uma questão de sincretismo religioso. Igualmente, não destacaremos os excessos cometidos por alguns nesta festa, diga-se o consumo de álcool, ou ainda a questão da maceração física, também praticada por outros. Há muito mais por trás do Círio de Nazaré.Quantas são as oportunidades de visualizarmos uma manifestação religiosa de prática do catolicismo reunindo não apenas católicos, mas evangélicos, espíritas, umbandistas, etc.?  Até os que não tem religião determinada, comparecem todo ano ao encontro com a festa religiosa. O Círio não pertence a determinada religião, está acima disso. Ele pertence ao povo que o realiza e que o considera tão importante quanto o natal. O  Círio é de todos. Nele, não existe padre nem pastor, pobre ou rico, o negro ou o branco. Todos querem contribuir no percurso em que a berlinda com a imagem de Maria percorre e homenageá-la. Tal fato nos revela que é possível a convivência entre as religiões sem agressões ou querelas, sem acusações ou imposições, basta apenas que algo acima se manifeste: A Fé.A nós espíritas, não pensemos que o plano espiritual encontra-se cego ou ausente a tal manifestação. Nos é relatado que as legiões do bem são acionadas para a assepsia fluídica da cidade, envolvendo os fiéis para que todos que ali estão movidos por um sentimento de amor sintam-se melhores. Existe um envolvimento espiritual das falanges do bem em favor da cidade e igualmente dos romeiros, como são chamados aqueles que acompanham a berlinda. Alguns irmãos dotados da vidência igualmente relatam uma entidade, enviada direta de Maria, no lugar onde se encontra a imagem da santa, a distribuir bênçãos e fluidos de amor aos fiéis. As palavras não definem o alcance e o significado sentimental da festa. É necessária a presença no local para o entendimento de tamanha emoção com a passagem da imagem da santa e também do significado do almoço do Círio, símbolo de união da família em forma de alegria e agradecimentos pelo momento vivido.Não é fácil compreender o Círio como fenômeno de fé. O sentimento é tão contagiante e verdadeiro quanto inexplicável, não entendemos a emoção gratuita das pessoas, não sabemos se as lágrimas são fruto do alcance de uma “graça”, um pedido atendido, a cura de uma doença, uma dificuldade vencida, ou a simples emoção coletiva que toma a todos. Se não nos é dada a capacidade da compreensão, que possamos ao menos verificar a vitória da tolerância religiosa em torno de um sentimento coletivo. Se não concordamos com a figura da festa, que admitamos e reflitamos acerca da presença divina no cortejo, algo bem maior que dúvidas ou preconceitos religiosos está em questão. O Círio é fruto da fé dos povos e das religiões ali manifestas, sob a égide e amparo de Deus e, naturalmente, sob as bênçãos da mãe do Cristo, da mãe de todos.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Meio ambiente: 40% da água produzida no País é desperdiçada

Agência Câmara
Durante o Congresso Brasileiro de Desenvolvimento Humano – Saneamento Total e Dignidade da Pessoa Humana, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, Giovani Cherini (PDT-RS), assinalou que 40% da água produzida no País são desperdiçados.
Foto: Vinicius Camargo
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que para cada R$ 1 investido em saneamento básico, são economizados R$ 4 em saúde, e que o tema tem dimensões muito concretas na saúde. Ele lembrou que as doenças que mais matam no mundo são as cardiovasculares, mas assinalou que os últimos relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam crescimento ano a ano de mortes por catástrofes como secas prolongadas, maremotos e enchentes. “O saneamento faz parte da construção de um mudo sustentável. Os investimentos estão sendo feitos. A Funasa já está destinando R$ 230 milhões para levar água para regiões do semiárido, por exemplo”, declarou.
Cherini disse ainda que apenas 43% dos municípios brasileiros têm acesso a saneamento básico, e apenas 1/3 conta com esgoto tratado. “A falta de saneamento é a causa do surgimento de 80% das doenças que atingem a população mais carente. São necessários pelo menos 20 anos para universalizar o saneamento básico no País, se houver aumento nos investimentos”, alertou.
Cidades grandes sem saneamento
O primeiro-vice-presidente da comissão, Oziel Oliveira (PDT-BA), chamou a atenção para as cidades que ainda não contam com saneamento básico. Ele citou Barreiras, na Bahia, que tem 120 anos e somente agora passa a contar com saneamento. “É uma cidade que faz parte do pólo de desenvolvimento do agronegócio brasileiro e demorou tanto tempo para ter esse benefício. Os investimentos na saúde não podem ser dissociados do saneamento básico. Grandes centros urbanos ainda jogam o esgoto a céu abeto. Um exemplo é o que ocorre em Guarulhos, São Paulo”, disse.
O evento ocorre no auditório da TV Câmara.