segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Destruição dos rios: ameaça é crescente

Desde as primeiras letras aprendemos que a bacia do rio Amazonas é a maior do mundo. Ninguém nunca duvidou que ele era o mais caudaloso do planeta, mas se questionava essa primazia quanto ao seu comprimento. Hoje a controvérsia está esclarecida: com 6.937 quilômetros de extensão, o Amazonas supera em 140 quilômetros o Nilo, que perdeu essa liderança multissecular.

Qualquer número em relação ao “rio-mar” (ou o “mar doce” dos espanhóis, os primeiros europeus a navegá-lo) é grandioso. Ele lança, em média, 170 milhões de litros de água por segundo no Oceano Atlântico. Suas águas barrentas podem avançar 100 quilômetros além da barreira de águas salgadas e projetar seus sedimentos em suspensão no rumo norte, até o litoral da Flórida, nos Estados Unidos. São milhões de toneladas de nutrientes, arrastados desde a cordilheira dos Andes, onde nasce o grande rio, e engrossados por seus afluentes, que também se posicionam entre os maiores cursos d’água que existem.

Essas grandezas têm servido de inspiração para o ufanismo nacional, mas não para tratar melhor os nossos gigantes aquáticos. Nenhum brasileiro -ou mesmo o nativo- dá ao Amazonas a importância que os egípcios conferem ao Nilo. O Egito não existiria sem a faina incansável do seu grande rio, a fertilizar suas margens, cercadas por desertos hostis, e civilizar o país. Por isso, é considerado sagrado.

Os brasileiros parecem acreditar que, por ser monumental, abrangendo 7 milhões de quilômetros quadrados do continente sul-americano (quase dois terços em território brasileiro), a bacia amazônica foi blindada pela mãe natureza contra as hostilidades do homem. Já está na hora de se pôr fim a essa ilusão, acabando com a insensibilidade geral, que se alimenta do desconhecimento e da desinformação. O Amazonas está sob ameaça.

Não uma, mas várias. Um dos capítulos mais recentes está sendo travado diante da maior cidade da Amazônia, Manaus, a capital do Estado do Amazonas, com seus 1,7 milhão de habitantes (2 milhões com as duas cidades vizinhas). No dia 5, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) decretou o tombamento do encontro das águas do Amazonas com o Negro, um dos seus principais tributários da margem esquerda.

O desavisado pode até achar que o ato é de significado museológico, para efeito acadêmico. O processo do tombamento, porém, se arrastou durante dois anos. Deveria ser simples: a área de 30 quilômetros quadrados, o polígono de terra e água onde ocorre a junção dos dois enormes rios, é cenário para o maior de todos se encontrar com o maior rio de águas negras do mundo. Na margem direita, o barrento Solimões pressiona o rio ao lado, que ganhou seu nome pela inusitada cor das suas águas, num entrevero que pode se estender por 10 quilômetros lineares nas duas direções.

É um encontro ciclópico. A vazão do Solimões nesse ponto (onde justamente muda pela última vez de nome, passando a ser Amazonas) é de 135 milhões de litros de água por segundo. A do Negro, que chega ao fim do seu percurso de 1.700 quilômetros, a partir da Venezuela, é de 50 milhões de litros. Encorpado, o Amazonas segue em frente até a foz, dois mil quilômetros abaixo. Não sem antes oferecer o espetáculo das duas cores líquidas em paralelo ou em fusão tumultuada, para a admiração ou o espanto de uma crescente legião de turistas.

O problema é que no ponto de encontro dos rios está Manaus, com 60% da população e 90% da riqueza de todo Estado do Amazonas, o maior do Brasil, com 20% do território nacional. Desde quase meio século atrás, Manaus deixou de ser o produto do Amazonas para ser o efeito da Zona Franca, um entreposto comercial e um núcleo industrial que só se tornaram possíveis pela renúncia da União a recolher o imposto sobre a importação das empresas instaladas na remota paragem.

Hoje, Manaus é a origem do maior fluxo de contêineres do país. Motocicletas, computadores, geladeiras e muitos outros produtos são mandados para o sul do país, principalmente São Paulo, e espalhados para outros destinos. O velho porto flutuante, que os ingleses construíram no início do século XX para atender a exportação de borracha (que chegou a ser responsável por 40% do comércio exterior brasileiro), não serve para essa demanda nova.

A pressão é tão forte que alguns terminais privados, legais ou não, surgiram na orla da cidade. O maior deles, o Porto Chibatão, foi parcialmente arrastado, no mês passado, pelas águas do Negro, a apenas três quilômetros do seu encontro com o Amazonas, com mortes e a perda de diversos contêineres. Qualquer ribeirinho sabia que o local era contra-indicado para o fluxo de carga que o precário terminal movimentava.

Um novo, muito maior e mais adequado, está sendo projetado para uma área de 100 mil metros quadrados, na qual poderão ser estocados 250 mil contêineres. Antes desse mega-terminal, porém, uma subsidiária da mineradora Vale (o nome privatizado da Companhia Vale do Rio Doce, quando estatal) começou a construir seu próprio porto, com investimento de 220 milhões de reais. Nele deverá operar seu novo navio cargueiro, com capacidade para 1.500 contêineres, e outros cinco já encomendados, por algo como meio bilhão de reais, multiplicando sua capacidade de transporte.

Esses números pareciam muito mais importantes do que a localização do porto, na província paleontológica das Lages, próximo de uma tomada de água para 300 mil habitantes da cidade e de um lago, o último do rio Negro, importante para milhares de moradores de um bairro que se formou em torno dele.

O processo que levou ao desmoronamento do Porto Chibatão seguiria sua lógica malsã se não tivesse surgido a iniciativa de tombar o encontro das águas. Ninguém se aventura a dizer-se contra o tombamento, mas ele provocou uma batalha judicial que chegou a Brasília, com vitórias e derrotas, protelações e pressões, até que, no dia 5, finalmente o Iphan assumiu a tutela sobre o encontro das águas.

Qualquer novo projeto que a partir de agora se fixe na área do polígono terá de ser submetido ao instituto, além de obter a licença ambiental. Certamente haverá quem se indigne com o fato: o raciocínio automático é de que a razão (ou anti-razão) econômica prevaleça sobre qualquer outro tipo de consideração - e sempre com vantagens para o investidor.

A decisão do Iphan, que ainda vai sofrer questionamento judicial, não bloqueia a evolução dos empreendimentos produtivos na região, mas talvez ajude o país a se dar conta de que destruindo os recursos naturais, em especial aqueles que representam uma grandeza única, é a Amazônia que estão destruindo. Substituem a galinha dos ovos de ouro por um cavalo de Tróia. Na mitologia ou na realidade, sabemos qual será o desfecho.

Lúcio Flávio Pinto - Jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP)

Fonte: Mercado Ético

domingo, 28 de novembro de 2010

Solidariedade ao povo carioca - Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós...

Quase chorei, fiquei engasgado quando no Jornal Nacional foi lida a carta da moradora da Favela do Cruzeiro onde fala: "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós...."


O amigo Randy da comunidade do orkut "Espiritismo - Eu Sou Espírita" se expressou assim sobre o assunto: Bem, foram precisos longos anos até que alguém tivesse resolvido tomar uma iniciativa do dever público. Agora, ao que parece, estamos vendo os primeiros passos de medidas mais duras no combate ao BAIXO crime.
Digo "baixo crime" porque a policia está caçando uns coitados passa-fome, com tendencias psicopatas, toxicomanos e de pouca capacidade intelectual. Tudo bem, já é grande coisa, pois são estes que matam mulheres grávidas, assaltam idosos, estupram adolescentes e etc. São os sujeitos que vão para o asfalto tomar na força das armas o que não lhes pertence.
Bem diferente são os criminosos que não apontam armas, que situam-se nas altas esferas da sociedade e que têm nesses passa-fome meros mairionetes. Perigosos marionetes, mas brinquedos que dançam ao sabor de seu dinheiro.
Mas, já é um grande passo. E quando vejo as cenas na TV não consigo me desprender do pensamento de que o filme Tropa de Elite 2 criou o momento emocional propicio para isso. Não consigo ver uma coisa desconexa da outra. Afinal, desta vez há um envolvimento emocional da população em favor das ações policiais - coisa que não havia no passado.
Creio que a opinião publica está preparada para assistir ao vivo pela TV cerca de 600 transferencias encarnatórias sem apelar para direitos humanos desta vez.
Nesse ínterim, esse mesmo povo é sofrido pela violencia cotidiana, pela intimidação, pela opressão, pela ausencia de liberdade de poder caminhar pelas ruas de sua cidade. Certamente como pessoas de bem, merecem essa liberdade, desde que lutem por ela do modo certo e nos campos corretos.
Fica, então, minha solidariedade para com o povo do Rio de Janeiro. Mas, também minha torcida de que não pare por aí. Tem bandido também na Barra da Tijuca. Não usam armas, mas usam canetas. E costumam ser mais danosas à sociedade do que os fuzis dos traficantes.

Na cidade de Capanema no Nordeste Paraense onde moro temos muita paz ainda, não dá para imaginar o sofrimento do povo carioca, por isso estendo este apelo de solidariedade para todos os que sofrem com a violência no Brasil e espero muito que as "canetas" também tombem e suas tintas sirvam apenas para levar educação para tantos brasileiros que anseiam pela oportunidade de ter oportunidade.

Outra interessante manifestação sobre o assunto:

O autor de "Violência Urbano", Paulo Sérgio Pinheiro alerta que a operação policial no Rio está fadada ao fracasso. Usar tanques obsoletos da Segunda Guerra Mundial contra "chefetes" do crime carioca é, para o cientista político, a receita do fracasso em curto prazo.
Em entrevista à Livraria da Folha, disse ser favorável à ocupação dos morros no Rio, mas pondera que o governo toma apenas medidas reativas. Para ele, a cidade precisa de política de segurança, não de uma política bélica.
Paulo Sérgio ocupou a posição de especialista independente para violência contra a criança da ONU (2003-2008) e é autor de "Violência Urbana", livro da coleção Folha Explica, escrito em parceria com Guilherme Assis de Almeida, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
O professor apontou diversas fragilidades neste tipo de operação policial, como a falta de políticas para inibir o consumo de drogas - fator financeiro estratégico - e a deficiência do Ministério Público no combate da corrupção dentro das instituições.

Quem sabe isso tudo é o início de uma tomada de consciência geral, onde a ética, a paz, a solidariedade, o amor, entre tantos outros importantes valores se tornem verdadeiros princípios de todos os cidadãos brasileiros.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A PAZ TRANSCULTURAL

A principal conquista da humanidade para os próximos tempos, talvez não componha um conjunto de descobertas científicas e tecnológicas, nem tão pouco a conquista de espaços alternativos para a vida em outras galáxias, após degradarmos totalmente nosso planeta. Juntamente com o imprescindível e urgente estabelecimento de uma convivência ambiental sustentável, o próximo desafio das novas gerações talvez seja a constituição de uma Cultura de Paz Transcultural entre todos os povos e nações da Terra.

Essa cultura de paz precisará ser plantada, cultivada e vivenciada na alma, na mente e no coração de cada homem, de cada mulher e no âmago de todas as culturas que se disponham a coexistir pacificamente na Terra e com a Terra.
Diante do atual contexto social e cultural podemos inferir sem quaisquer receios que as nações, as organizações, os homens, as famílias e todas as instituições sociais contemporâneas vivem em desequilíbrio constante e se encontram mergulhadas numa crise geral, sem precedentes na história da humanidade. Um efeito entrópico, em cascata invade e destroça impiedosamente as promessas sociais modernas. A paz apesar de desejada por uma pequena parcela dos homens se torna cada vez mais uma idéia fluida, nebulosa, frágil, ingênua, vulnerável e distante. Construimos uma cultura civilizatória que aniquilou a paz.

Vivemos o apogeu de uma cultura tecno-científica centrada principalmente no crescimento econômico e na produtividade material. Intolerância étnica, cultural e religiosa, desigualdade social crescente, individualismo, consumismo, competitividade, narcisismo, culto ao corpo, à imagem caracterizam as dinâmicas sociais da contemporaneidade. Artefatos tecnológicos aceleram e interligam fluxos comunicacionais mundiais inaugurando uma cultura no suportes fantasmagóricos virtuais digitais, nas redes sociais - uma soturna cibercultura.

As cidades aglomeram cada vez mais contingentes humanos sedentos que disputam palmo à palmo cada espaço numa luta feroz pela sobrevivência e busca de um padrão de vida o mais próximo daquele vivido pelas elites. Trânsito caótico e violento, insegurança por toda parte, violência exponencial, tráfico e consumo de drogas. A política, a justiça e as demais as instituições sociais se corrompem, se vendem ao mercado e se esvaziam de sentidos. As nações do primeiro mundo se unem e se auto-afirmam pelo poderio militar e econômico e sobrepõem aquelas ditas em desenvolvimento - reféns das instituições mundiais e dos meganegócios transnacionais.

Coexistem nesse mundo global e cosmopolita remanescentes das grandes nações e tribos nativas das Américas e dos demais continentes, sobreviventes do holocausto sistemático promovido e levado a cabo historicamente pela cultura ocidental hegemônica com o seu eficiente e voraz rolo compressor - progresso. Os povos nativos e suas culturas ainda hoje são desrespeitados, injustiçados, roubados, discriminados e marginalizados. O drama do povo nativo Na´Vi no planeta Pandora do clássico da sétima arte Avatar é vivido com horror pelos povos nativos do Brasil em diversas disputas de terra, à exemplo da imposição do governo brasileiro para a construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte na bacia hidrográfica do Xingu, local de grande diversidade biológica e aonde vivem 14 povos nativos brasileiros.

Um diálogo entre as diferentes culturas poderá estabelecer as bases para uma convivência pacífica e equilibrada entre os povos e as nações. Para tanto, as culturas precisam também incorporar em seus conceitos e comportamentos a tolerância, a solidariedade e o respeito. Podemos aprender muito sobre a paz com as diferentes culturas e em especial com as culturas ancestrais dos povos nativos americanos. Além disso, é fundamental que a uma cultura de paz seja incorporada por todas as culturas e dentro da alma, da mente e do coração de cada indivíduo. Hehaka Sapa, sábio Lakota-Sioux dizia que "nunca poderá haver paz entre as nações antes que se estabeleça a verdadeira paz na alma dos Homens". Portanto, conclamo a todos os leitores e seguidores desse blog para que possamos juntos cultivar e promover o nascimento de uma cultura de Paz Transcultural na Terra. Estou iniciando o grupo Hunkapi - Círculo da Paz na REDETRANS para compartilhar essa proposta. Portanto se você tiver interesse sinta-se devidamente convidado.

Mitakuye Oyasim - Por todas as nossas relações

Por WANBLI GLESHKA - O Vôo Infinito da Águia

Convivência Ecológica Sustentável à Luz da Sabedoria Ancestral Nativa Americana
Blog: http://voarinfinito.blogspot.com/2010/11/paz-transcultural.html#more

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PEC da Felicidade é aprovada na CCJ

A PEC da Felicidade, que pretende incluir o direito à busca da felicidade na Constituição, foi aprovada na reunião desta quinta-feira (11/11) da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal. Protocolada pelo Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a Proposta de Emenda Constitucional está pronta para ser votada no Plenário do Senado.
Pela PEC (19/10), o artigo 6º da Constituição passará a ter a seguinte redação: “são direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
A proposta também já foi protocolada na Câmara dos Deputados, pela Deputada Manuela d´Ávila (PCdoB/RS). Com isso, a proposta tramita nas duas Casas Legislativas, simultaneamente.
Pec da Felicidade:
A PEC da Felicidade é uma iniciativa do Movimento Mais Feliz e visa reforçar direitos e garantias já previstos na Constituição. “Mais do que ter previsto na Constituição que tais direitos são deveres de nosso Estado, queremos fazer com que ele assuma a responsabilidade por oferecer condições básicas para que seus cidadãos busquem a felicidade com dignidade, a partir de um ponto onde todos são iguais e têm as mesmas oportunidades para partir rumo a essa busca; a felicidade como norteadora de políticas públicas”, declarou Mauro Motoryn, idealizador do Movimento Mais Feliz.
A ideia conta com o apoio da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (ANADEF), da Associação Nacional do Ministério Público Criminal (MPCRIM), do projeto Aprendiz, do Instituto Ágora, do Instituto Vladimir Herzog, do Museu da Pessoa, da Associação Paulista de Magistrados (APAMGIS), da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (AMATRA-SP), entre outras entidades.
(CarbonoBrasil)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para 80% dos brasileiros, proteger o ambiente ajuda no crescimento da economia

Foi lançado esta semana o relatório “Cidadãos engajados!” (Citizens Engage), com foto de capa escrita “Salve a Amazônia”. A mensagem é clara: os cidadãos acreditam que as empresas precisam levar em conta a Amazônia e o meio ambiente em suas atividades.

Trata-se da quarta edição da pesquisa “Edelman goodpurpose®Study 2010″, pesquisa feita em 13 países com 7 mil consumidores. De acordo com o relatório, 71% dos consumidores em todo o mundo - 79% no Brasil - acreditam que projetos que protejam o meio ambiente podem ajudar no crescimento da economia.

Além disso, a pesquisa mostra que “Proteger o meio ambiente” foi considerada a causa número 1 sobre o que os consumidores se preocupam, seguido por “melhorar a qualidade dos cuidados de saúde”.

De acordo com o estudo, consumidores dos mercados emergentes - Brasil, China, Índia e México - estão mais propensos a comprar e promover produtos de marcas que tenham compromissos com boas causas.

Oito em cada dez consumidores no Brasil comprariam produtos de empresas consideradas responsáveis social e ambientalmente, uma porcentagem bem mais expressiva do que os consumidores da Europa (54%).

 
No entanto, a consciência de que empresas têm responsabilidades é alta em todo o mundo. Segundo a pesquisa, 86% dos consumidores acreditam que as empresas devem colocar o mesmo peso dos seus interesses aos interesses da sociedade.

Confira o estudo na íntegra: “Cidadãos engajados!” (Citizens Engage)

(Amazonia.org.br)

sábado, 6 de novembro de 2010

O Ecumenismo e o combate a intolerância religiosa.

Li no site www.portalcapanema.net a seguinte notícia: “Noite ecumênica no segundo dia de festa do centenário de Capanema/PA*.”

Em primeiro lugar gostaria de louvar a excelente iniciativa dos organizadores do evento, a intenção de buscar a união entre as religiões, relação que historicamente já produziu guerras sanguinárias e odiosas.

Na Wikipédia encontramos a seguinte definição: Ecumenismo é o processo de busca da unidade. (...)Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, emprega-se também o termo "macro-ecumenismo". (grifamos).

O ecumenismo moderno despontou a partir do século XVIII por uma iniciativa do Movimento Protestante daquela época para unificar as várias denominações cristãs protestantes que apresentavam forte desunião.

Apesar da excelente iniciativa do evento em Capanema/PA, sem a pretensão de criticar tão importante trabalho, considero ainda muito tímida e pouco ampla. O catolicismo com certeza é a religião da maioria, seguida pelos evangélicos que cresceram bastante nos últimos anos, sendo os cristãos do mundo uma população de 2 bilhões de pessoas. Mas, e as minorias religiosas do município, os budistas, os umbandistas, os islâmicos, os espíritas, os judeus, as crenças indígenas e africanas, entre outras? Acredito precisavam também aparecer nesta manifestação para completar com chave de ouro a beleza da união entre as mais diversas culturas e religiões.

Muito importante como ato de cidadania, para educação de todos e demonstração de que nossa cidade está adesa de corpo e alma no movimento de combate a intolerância religiosa e a lei brasileira que garante o respeito a todas as religiões e culturas. O artigo 5º de nossa constituição diz (...) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

O respeito e a valorização das religiões e culturas é um forte indício de evolução de um povo. Todo mundo acredita em alguma coisa. Aquilo em que acreditamos faz parte do que somos. Por exemplo, se acreditamos no bem, procuramos ser bons. Por isso é tão importante conhecer todas as crenças, saber bem qual delas é a nossa e agir de acordo com aquilo em que acreditamos.

A lei Nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa a ser comemorada anualmente em todo o território nacional no dia 21 de janeiro. Esse dia foi instituído para lembrar a data de morte da iyalorixá (sacerdotisa do candomblé) Gilda do Ogun, em 2000. Mãe Gilda foi acometida por um infarto fulminante ao ver sua foto estampada na capa da Folha Universal com o título de “Macumbeiros charlatões enganam fiéis”. A IURD foi condenada em última instância a indenizar os herdeiros da sacerdotisa.

Deixo aqui então a sugestiva data de 21 de janeiro, que já está próxima, para ampliar esse primeiro passo de uma longa caminhada na direção do respeito total à liberdade religiosa e acima de tudo o estímulo ao cultivo das nossas raízes culturais.

*Capanema/PA - Cidade do nordeste Paraense.
Por Nilson Mesquita
nilsoedson@yahoo.com.br

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Capanema* 100 anos - Adeus Rio Garrafão

Depósito de detritos, amontoado de dejetos humanos, meio de cultura para as mais perigosas bactérias, monturo de lixo!!!

Não, não!! Não me refiro aqui a uma fossa, que apesar de ser tudo isso citado, encontra-se devidamente enterrada e muitas vezes inofensiva aos seres humanos.

Falo do saudoso Rio Garrafão, pequena e outrora bela drenagem natural que corta nossa cidade e vergonhosamente transformou-se em sinônimo de sujeira e vetor de doenças infecciosas.

Não é exclusividade de Capanema que em seus 100 anos avança como todo o mundo para a destruição do ambiente natural.

Desculpem a rudeza destas palavras, porém às vezes a franqueza mesmo que contundente pode despertar as consciências acomodadas no consumismo e na busca incessante das pseudo-riquezas materiais. Valores como preocupação com o futuro das próximas gerações são meros coadjuvantes diante do protagonismo do egoísmo que engole a humanidade e a deixa órfã de seu mais importante parceiro na vida, o Meio Ambiente.

Sem água não há vida! Tudo aquilo que cresce, respira, anda, nada ou voa na Terra precisa de água para viver. Os seres humanos são formados por aproximadamente 70% de água. Na nossa vida cotidiana, nós usamos cada vez mais água para as nossas necessidades habituais: cozinhar nossos alimentos, fazer nossa higiene pessoal, lavar nossa roupa e nossa louça. No nosso planeta, 97,4% da água é salgada (mares e oceanos), 2% da água é doce, mas está sob forma de gelo (polos e geleiras) e apenas 0,6% é de água doce líquida (águas subterrâneas, umidade, lagos e rios).

Um em cada quatro habitantes do planeta não tem acesso a água potável, o que equivale a 1,5 bilhão de pessoas. Não existem esgotos e estações de tratamento para 2,5 bilhões de seres humanos. As águas sujas (com excrementos, sabão, produtos de limpeza, resíduos industriais) são jogadas nos rios ou nos mares. As conseqüências são dramáticas: 250 milhões de pessoas ficam doentes por causa da água poluída e 10 milhões morrem por causa disso. (fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

O Rio Garrafão assim como todo rio me lembra sempre poesia, me faz feliz, mas ali onde trafego diariamente me faz chorar, suas águas são lágrimas escorrendo em faces enrugadas e tristes, nas beiradas dos fundos das casas invasoras. Seu leito é como a pele queimada de sol que os anos de sofrimento, na amargura da esperança destroçada, desfaz-se melancolicamente numa torrente escura e fétida.

Ouço o murmurar dos amantes do rio, crianças, jovens e adultos, e eu parafraseando Castro Alves... “Oh Deus onde estás que não me ouves?”, sei, no entanto que assim como o Pai deu sua resposta na abolição dos escravos, Ele também salvará nosso amado Garrafão.

Ainda há tempo!

Ouçamos o que diz o rio:

Salvem-me queridos e centenários habitantes de Capanema! Quero compartilhar minhas águas límpidas e cristalinas com seus descendentes! Darei tudo de mim para louvar o esforço que fizerem! Abraçarei suas crianças com o líquido mais importante da vida! As areias que sedimentam meu leito servirão de tapete para seus pés, não desistirei jamais de saciar a sede dos seus animais e serei incansável na decoração de minhas margens, onde cultivarei as mais belas plantas. Gostaria muito de comemorar junto com essa terra querida meus 200 anos.

* Capanema - Cidade do Nordeste paraense que completa em 05 de novembro de 2010, 100 anos de fundação.

Por Nilson Mesquita