quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Marina Silva critica flexibilização de licenciamentos ambientais defendidos pelo governo federal

Elaíze Farias, do A Crítica

Durante aula magna de abertura do ano letivo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), nesta terça-feira (22/2), ex-senadora Marina Silva (PV) criticou a flexibilização dos licenciamentos ambientais realizados por decretos propostos pela presidente Dilma Rousseff para acelerar processos de funcionamento de usinas.
Segundo Marina, se avaliasse do ponto de vista da “sustentabilidade política”, Dilma não sentiria respaldo para flexibilizar os licenciamentos.
“Ela (Dilma) diria para os ministros dos transportes, do meio ambiente, da ciência e tecnologia e das minas e energias que lançaria mão de todos os meios para promover a luta de levar energia e ao mesmo tempo preservar os ecossistemas”, afirmou Marina Silva, para uma plateia de aproximadamente 1, 5 mil pessoas no auditório Eulálio Chaves, no campus da Ufam, em Manaus.
No entanto, Marina evitou associar suas declarações aos licenciamentos ambientais concedidos aos recentes projetos de construção de hidrelétricas na Amazônia.
Pragmatismo
A disputada palestra de Marina Silva foi assistida não apenas por alunos veteranos e calouros e professores, mas também por políticos amazonenses, representantes da Câmara Municipal e Assembleia Legislativa. O poeta Thiago de Melo também era um dos espectadores.
Marina Silva também defendeu a preservação de bens simbólicos e culturais de Manaus, como o Encontro das Águas, e criticou a construção de empreendimentos na área.
Sobre este tema, ela fez uma comparação com o morro Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
“Ter o encontro das águas preservado serve para todos nós amazônidas. Vamos pensar pragmaticamente no Pão de Açúcar. Alguém muito pragmática e objetiva teria coragem de transformar aquela pedra grande em brita para ganhar dinheiro?”, questionou.
Ela também criticou a utilização “indevida” do termo sustentabilidade e defendeu a possibilidade de haver “transformação com preservação”, citando um autor de sua preferência.
“Hoje muitas pessoas estão usando indevidamente o nome sustentabilidade apenas para apelidar suas atividades”, observou.
Utopia
Sem esquecer o tema escolhido para a palestra, “Juventude e Sustentabilidade”, Marina defendeu a necessidade de se manter “os sonhos” e as “utopias”.
“Gostaria de ser mantenedora de utopias”, afirmou a ex-senadora, citando como seus “mecenas” da vida política e acadêmica o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), a filósofa Marilena Chauí e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, este, contudo, na sua fase como sociólogo.
Também lembrou, com orgulho, sua passagem pelo PT, dizendo que “sem o partido ela não estaria na vida política”.
Lacan
Marina Silva manifestou seu ponto de vista a partir das dimensões de sustentabilidade estética, ética e política. Estas foram adicionadas pela própria
Marina às outras quatro estabelecidas pelas Nações Unidas: sustentabilidade ambiental, cultural, social e econômica.
Para defender a necessidade de preservar o meio ambiente para as gerações futuras citou concepção teórica do psicanalista Jacques Lacan (1901-1981).
“Eu chamo de aliança intergeracional. O Lacan chamava de laço social, que é a capacidade que eu tenho e estar aliançada com aqueles que virão após mim”, destacou.
Fonte: (Instituto CarbonoBrasil)/Mercado Ético

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