quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

As dores de um soldado

Crônica emocionante e criativa de Vitor Mesquita, 13 anos de idade.

Eu apenas acordei naquele momento, não entendia nada, vi umas enfermeiras correndo para um lado e para o outro, estava muito tonto e com minha cabeça doendo, não demorou muito e uma veio correndo em minha direção, subitamente as outras se viraram e vieram também, então levantei da cama e uma delas ficou cara a cara comigo.
- Sobreviva rápido! Falou atordoada.
Não entendia nada do que estava acontecendo, então fui até a porta e me deparei com a pior das cenas, vi a névoa branca na planta dos meus pés, olhei mais a frente e vi soldados pra todo lado, e nas minhas pernas, tristemente um velho senhor sem as mãos, jogado no chão de cinzas. Caminhei mais e vi árvores queimadas, ao fundo o som de explosões, tiros que levam vidas perdidas, atirados por armas que carregam infortúnio, imediatamente percebi que estava numa terrível guerra, vestido como um paciente de hospital, de branco, minha memória estava voltando, acho que eu era um soldado, devo ter sido vitima de uma explosão, pois recordo de meus companheiros caindo pela onda de choque, perguntei então a um senhor que se escondia atrás de um estilhaço de um avião:
— Onde estamos?
— Ah! Não tenho tempo para besteiras, corra senão vai ser morto!
Foi ai que me dei conta, eu só necessitava voltar para minha casa, que meus filhos ficassem orgulhosos de mim, que minha mãe me cortejasse com um sorriso no rosto, que sentisse que estava em casa, não... não agora, estava desolado e triste, e via pessoas correndo em desespero trazendo consigo uma vida; de alegrias e tristezas, de brigas, amores e desilusões, tudo isto destruído por pessoas ainda mais infelizes. De um lado havia fogo e no outro ódio, chamas de desespero, e enquanto sentia o fedor da morte senti uma dor aguda em minha perna, como se um objeto a tivesse penetrado, cai no chão, sabia que não podia desistir, tentei voltar ao hospital, mas já havia caminhado demais e enquanto me arrastava pelas cinzas minha visão estava escurecendo, não conseguia mais avançar, a ultima coisa que vi foi o céu consumido por brasas e fumaça, o sol estava ofuscado, de pouco a pouco tudo iria escurecer, não sentia minhas pernas e meus braços, percebi que era o fim, então tomado pela dor, enfiei em meu coração a única coisa que me restava, a esperança.

Vitor Mesquita

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