Ele ri, pois não sabe que a pobreza existe,
Ele só conhece a vida desse jeito,
Jeito de rua,
Jeito sem jeito,
Apenas sabe que a vida é boa,
Não tem psicopatias,
Pois também nem sabe o que é isso,
Depressão?
Virge!
Ele é alegre por não conhecer a tristeza,
Essa melancolia que faz sofrer quem pensa no futuro,
Não existe!
Que é isso?
O moleque do CAIC ri de tudo,
Do mato,
Apesar da questão ambiental,
Ele bala passarinho pra comer,
Piquenique com eles,
Faz fogo e tudo no mato,
Ele e os outros moleques,
Na beira da fogueira eles riem muito,
De nada,
De estar ali, curtindo a vida sem saber,
Esses moleques são discriminados,
Por andarem nas ruas, por repararem os carros dos ricos,
Fogem do Conselho Tutelar,
Agora estão indo a escola,
Gostam de estudar,
Da vida estudantil,
Ter caderno novo,
Brincar no recreio,
Merendar de graça,
Olhar a professora falando bonito e com carinho,
Bem diferente de casa,
Pai distante, mãe solteira,
O moleque é bom,
Se a gente quiser ele vai ser sempre bom,
Deixem o moleque brincar,
Com a baladeira,
Com o elástico barato,
Com as latas de óleo sobre rodas,
Com a bola de futebol remendada,
Com o carrinho de R$1,99 do natal passado,
Lubrificado e tudo.
Deixem o moleque correr,
Correr sem parar!
Caboco Nirso
*CAIC é um bairro de Capanema/Pará/Brasil
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