A principal conquista da humanidade para os próximos tempos, talvez não componha um conjunto de descobertas científicas e tecnológicas, nem tão pouco a conquista de espaços alternativos para a vida em outras galáxias, após degradarmos totalmente nosso planeta. Juntamente com o imprescindível e urgente estabelecimento de uma convivência ambiental sustentável, o próximo desafio das novas gerações talvez seja a constituição de uma Cultura de Paz Transcultural entre todos os povos e nações da Terra.
Essa cultura de paz precisará ser plantada, cultivada e vivenciada na alma, na mente e no coração de cada homem, de cada mulher e no âmago de todas as culturas que se disponham a coexistir pacificamente na Terra e com a Terra.
Diante do atual contexto social e cultural podemos inferir sem quaisquer receios que as nações, as organizações, os homens, as famílias e todas as instituições sociais contemporâneas vivem em desequilíbrio constante e se encontram mergulhadas numa crise geral, sem precedentes na história da humanidade. Um efeito entrópico, em cascata invade e destroça impiedosamente as promessas sociais modernas. A paz apesar de desejada por uma pequena parcela dos homens se torna cada vez mais uma idéia fluida, nebulosa, frágil, ingênua, vulnerável e distante. Construimos uma cultura civilizatória que aniquilou a paz.
Vivemos o apogeu de uma cultura tecno-científica centrada principalmente no crescimento econômico e na produtividade material. Intolerância étnica, cultural e religiosa, desigualdade social crescente, individualismo, consumismo, competitividade, narcisismo, culto ao corpo, à imagem caracterizam as dinâmicas sociais da contemporaneidade. Artefatos tecnológicos aceleram e interligam fluxos comunicacionais mundiais inaugurando uma cultura no suportes fantasmagóricos virtuais digitais, nas redes sociais - uma soturna cibercultura.
As cidades aglomeram cada vez mais contingentes humanos sedentos que disputam palmo à palmo cada espaço numa luta feroz pela sobrevivência e busca de um padrão de vida o mais próximo daquele vivido pelas elites. Trânsito caótico e violento, insegurança por toda parte, violência exponencial, tráfico e consumo de drogas. A política, a justiça e as demais as instituições sociais se corrompem, se vendem ao mercado e se esvaziam de sentidos. As nações do primeiro mundo se unem e se auto-afirmam pelo poderio militar e econômico e sobrepõem aquelas ditas em desenvolvimento - reféns das instituições mundiais e dos meganegócios transnacionais.
Coexistem nesse mundo global e cosmopolita remanescentes das grandes nações e tribos nativas das Américas e dos demais continentes, sobreviventes do holocausto sistemático promovido e levado a cabo historicamente pela cultura ocidental hegemônica com o seu eficiente e voraz rolo compressor - progresso. Os povos nativos e suas culturas ainda hoje são desrespeitados, injustiçados, roubados, discriminados e marginalizados. O drama do povo nativo Na´Vi no planeta Pandora do clássico da sétima arte Avatar é vivido com horror pelos povos nativos do Brasil em diversas disputas de terra, à exemplo da imposição do governo brasileiro para a construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte na bacia hidrográfica do Xingu, local de grande diversidade biológica e aonde vivem 14 povos nativos brasileiros.
Um diálogo entre as diferentes culturas poderá estabelecer as bases para uma convivência pacífica e equilibrada entre os povos e as nações. Para tanto, as culturas precisam também incorporar em seus conceitos e comportamentos a tolerância, a solidariedade e o respeito. Podemos aprender muito sobre a paz com as diferentes culturas e em especial com as culturas ancestrais dos povos nativos americanos. Além disso, é fundamental que a uma cultura de paz seja incorporada por todas as culturas e dentro da alma, da mente e do coração de cada indivíduo. Hehaka Sapa, sábio Lakota-Sioux dizia que "nunca poderá haver paz entre as nações antes que se estabeleça a verdadeira paz na alma dos Homens". Portanto, conclamo a todos os leitores e seguidores desse blog para que possamos juntos cultivar e promover o nascimento de uma cultura de Paz Transcultural na Terra. Estou iniciando o grupo Hunkapi - Círculo da Paz na REDETRANS para compartilhar essa proposta. Portanto se você tiver interesse sinta-se devidamente convidado.
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Blog: http://voarinfinito.blogspot.com/2010/11/paz-transcultural.html#more
Caro Nilson
ResponderExcluirVocê, como sempre, priorizando a retórica afinada para esclarecer os fatos de interesses coletivos. Parabéns pelo belo texto.
Paulo Vasconcellos - Jornalista