sábado, 6 de novembro de 2010

O Ecumenismo e o combate a intolerância religiosa.

Li no site www.portalcapanema.net a seguinte notícia: “Noite ecumênica no segundo dia de festa do centenário de Capanema/PA*.”

Em primeiro lugar gostaria de louvar a excelente iniciativa dos organizadores do evento, a intenção de buscar a união entre as religiões, relação que historicamente já produziu guerras sanguinárias e odiosas.

Na Wikipédia encontramos a seguinte definição: Ecumenismo é o processo de busca da unidade. (...)Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, emprega-se também o termo "macro-ecumenismo". (grifamos).

O ecumenismo moderno despontou a partir do século XVIII por uma iniciativa do Movimento Protestante daquela época para unificar as várias denominações cristãs protestantes que apresentavam forte desunião.

Apesar da excelente iniciativa do evento em Capanema/PA, sem a pretensão de criticar tão importante trabalho, considero ainda muito tímida e pouco ampla. O catolicismo com certeza é a religião da maioria, seguida pelos evangélicos que cresceram bastante nos últimos anos, sendo os cristãos do mundo uma população de 2 bilhões de pessoas. Mas, e as minorias religiosas do município, os budistas, os umbandistas, os islâmicos, os espíritas, os judeus, as crenças indígenas e africanas, entre outras? Acredito precisavam também aparecer nesta manifestação para completar com chave de ouro a beleza da união entre as mais diversas culturas e religiões.

Muito importante como ato de cidadania, para educação de todos e demonstração de que nossa cidade está adesa de corpo e alma no movimento de combate a intolerância religiosa e a lei brasileira que garante o respeito a todas as religiões e culturas. O artigo 5º de nossa constituição diz (...) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

O respeito e a valorização das religiões e culturas é um forte indício de evolução de um povo. Todo mundo acredita em alguma coisa. Aquilo em que acreditamos faz parte do que somos. Por exemplo, se acreditamos no bem, procuramos ser bons. Por isso é tão importante conhecer todas as crenças, saber bem qual delas é a nossa e agir de acordo com aquilo em que acreditamos.

A lei Nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa a ser comemorada anualmente em todo o território nacional no dia 21 de janeiro. Esse dia foi instituído para lembrar a data de morte da iyalorixá (sacerdotisa do candomblé) Gilda do Ogun, em 2000. Mãe Gilda foi acometida por um infarto fulminante ao ver sua foto estampada na capa da Folha Universal com o título de “Macumbeiros charlatões enganam fiéis”. A IURD foi condenada em última instância a indenizar os herdeiros da sacerdotisa.

Deixo aqui então a sugestiva data de 21 de janeiro, que já está próxima, para ampliar esse primeiro passo de uma longa caminhada na direção do respeito total à liberdade religiosa e acima de tudo o estímulo ao cultivo das nossas raízes culturais.

*Capanema/PA - Cidade do nordeste Paraense.
Por Nilson Mesquita
nilsoedson@yahoo.com.br

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