terça-feira, 14 de junho de 2011

Sinal verde para a cultura em Capanema/PA

A expressão cultural de um povo é muito maior do que qualquer bem material, tais como ruas, prédios, praças, monumentos, entre outros, que são na verdade resultado da existência das pessoas, elas é que produzem o que nossos olhos podem ver, tanto de bom quanto de mal.
Os países que mais se destacaram nos últimos anos foram aqueles que investiram na educação, na cultura e na valorização da qualidade de vida dos seres humanos que vivem nesses espaços. O exemplo dos tigres asiáticos, Japão e nos últimos anos a própria  China que já colocou três universidades entre as cem melhores do mundo e trabalha para ter pelo menos duas entre a vinte primeiras, o que se trata de uma meta palpável, porém muitas vezes intangível a um primeiro olhar. O resultado do investimento em educação e cultura se dá há longo prazo, mas quando vem, é uma festa de criatividade, de bons resultados, de beleza em todas as áreas das ciências, das artes, da política, da cidadania entre outras tantos.
A iniciativa do Festival Junino e Feira da Cultura em Capanema/PA mostra por parte de sua prefeitura o interesse claro no sentido de retomar o processo de valorização do homem da região, que deseja sempre se mostrar como é, buscando na manifestação o seu autoamor, algo que vai de encontro a si mesmo e ao outro, o seu semelhante cidadão que permeia a cidade tantas vezes anônimo, tantas vezes esquecido. Este evento, no entanto lhe trás a alegria de se ver lembrado e sua auto-estima mostra-se sem vergonha de ser um habitante dessa cidade longínqua para o mundo e linda e maravilhosa para nós, que nela vivemos.
Neste primeiro dia o destaque foi a “Arrastão Junino” pelas ruas da cidade, onde a juventude visivelmente era a maioria, o que acende mais uma luz. A possibilidade de envolver os jovens com algo elevado, com forte apelo nos seus ímpetos de alegria e para onde é viável a canalização de energias vitais tão fortes nessa idade e que são astutamente e negativamente aproveitadas pelos aliciadores, traficantes e todas as iniciativas mal intencionadas.
Como é bom ver a carroceria cheia de “carimboleiros”, como faz bem ver a velhinha cantando em plena rua, que coisa legal ver o Secretário de Cultura da cidade à frente do arrastão puxando aquela plêiade de brincantes, levando em suas mentes o forte apelo da terra batida, do mato do campo, dos pés no chão, da água corrente dos igarapés, das capoeiras do interior, das danças das comunidades. E a periferia, que aparece naqueles rostos felizes, da adolescente com seu namorado olhando o forró e remexendo as cadeiras tão naturalmente. O encontro das gerações se acotovelando nas arquibancadas para ver as quadrilhas e os grupos folclóricos, extasiados como se fosse à primeira vez.
Que as pessoas como disse o Prefeito sejam realmente a meta principal do governo municipal, acima das ruas, dos prédios, da infra-estrutura. Que o investimento social, em saúde, em educação, em cultura seja a grande inovação e pode ficar certo que a resposta virá, como tem se evidenciado em todo o mundo.
Quando esse dia chegar essa geração não estará mais  aqui, porém grandes monumentos se erguerão lembrando aqueles que um dia, diante de todas as críticas, de todas as correntes contrárias, dos interesses transitórios, da mania de erguer castelos de areia, uniram-se pelo que há de mais importante no mundo: os seres humanos.


Cabôco Nirso


Curta um pouco de conversa fiada com fotos do evento.

Tirei meu chapéu da parede e fui brincar na praça. Já era tempo,
a palha sentia saudade da cabeça suada do "cabôco".
Eu vi luzes de estrela sobre o arrastão,
que venham para a praça,
pois a praça é do povo.
A juventude no Arrastão Junino, rodopiando com a vida, levando
o cheiro do mato na pele e o forte apelo da alegria no gingado.
O sorriso é uma expressão clara da felicidade.
O povo olha a quadra esperando o desabafo cultural,
que seja assim e pra melhor.
Única decepção do evento, depois de tanto lugar para colocar a propaganda política na própria praça. Derrubaram um monumento histórico, pequeno, mas com certeza importante. Nem lembro o que era, mas havia aqui um monumento sim. Havia também algo escrito nele, o que seria?

Um comentário:

  1. Nilson, fico muito contente por ter sido útil!
    (você pegou umas imagens em meu blog em janeiro, e só agora é que eu vi seu comentário!!)

    Fico grato por ter conhecido meu blog.

    Gostei muito do seu trabalho aqui!

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