terça-feira, 14 de setembro de 2010

Poema pro Mamá

Tenho um filho que quer ir para o mar

para os rios,

pescar, pesquisar.

Em que vai dar?

Deve ser algo de bom,

basta vê-lo pescar no mundo,

amizades e amores.


E como é bom olhar

compartilhar, estimular,

sua bondade é de emocionar.


E fico aqui pensando:

que peixes ele vai buscar?

O que vai enfrentar?

E aí, matutando....

Assar o tucunaré,

fazer piracaia na beira dos igarapés,

nadar contra a maré,

remar adiante, a montante,

com a força das galés,

lutar incessantemente com as ondas do mar,

sentir o cheiro da brisa que carrega o barco na calmaria,

viver a esperança de voltar.....


Mais importante mesmo,

é que tenho um filho que quer ir para o mar,

e fico “assuntando”,

pois já sei que ele chega lá,

e já vejo aquela vela sumindo no horizonte,

aquelas tranças encaracoladas esvoaçantes naquela cabeça sonhadora.


Ao longe, já se esvaindo nas minhas pupilas,

e me esforçando ao máximo,

o derradeiro olhar,

uma espetacular mensagem do futuro,

dois dedos abertos em “V”,

um sinal?

Silêncio ....

me engasgo,

sinto um vento íntimo me soprando o coração,

um mar envolto e a maresia que me carrega junto,

também levanto a mão.

Olho ao longe,

a linha do horizonte tênue que se esvai,

uma esperança.

E aqui:

Meus dois dedos ficam no ar.

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