Tenho um filho que quer ir para o mar
para os rios,
pescar, pesquisar.
Em que vai dar?
Deve ser algo de bom,
basta vê-lo pescar no mundo,
amizades e amores.
E como é bom olhar
compartilhar, estimular,
sua bondade é de emocionar.
E fico aqui pensando:
que peixes ele vai buscar?
O que vai enfrentar?
E aí, matutando....
Assar o tucunaré,
fazer piracaia na beira dos igarapés,
nadar contra a maré,
remar adiante, a montante,
com a força das galés,
lutar incessantemente com as ondas do mar,
sentir o cheiro da brisa que carrega o barco na calmaria,
viver a esperança de voltar.....
Mais importante mesmo,
é que tenho um filho que quer ir para o mar,
e fico “assuntando”,
pois já sei que ele chega lá,
e já vejo aquela vela sumindo no horizonte,
aquelas tranças encaracoladas esvoaçantes naquela cabeça sonhadora.
Ao longe, já se esvaindo nas minhas pupilas,
e me esforçando ao máximo,
o derradeiro olhar,
uma espetacular mensagem do futuro,
dois dedos abertos em “V”,
um sinal?
Silêncio ....
me engasgo,
sinto um vento íntimo me soprando o coração,
um mar envolto e a maresia que me carrega junto,
também levanto a mão.
Olho ao longe,
a linha do horizonte tênue que se esvai,
uma esperança.
E aqui:
Meus dois dedos ficam no ar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário