sábado, 19 de dezembro de 2009

COP 15 – Faltou visão solidária planetária


Infelizmente a Conferência do Clima em Copenhagen na Dinamarca está sendo considerada um grande fiasco histórico. A incompetência e o egoísmo foram as grandes marcas daquela que estava sendo considerada uma grande esperança para bilhões de seres humanos envolvidos nas mais diversas situações de pressão do meio ambiente sobre o homem. Os Estados Unidos, país considerado como o grande poluidor de todos os tempos não se comprometeu com nada, ficou à margem da sociedade humana como se fosse um planeta à parte, Barack Obama Prêmio Nobel da Paz, um ícone da esperança dos últimos anos fez um discurso pífio e desidratado, sem oferecer nem se comprometer com absolutamente nada. Os países Árabes por sua vez apresentaram uma ridícula exigência de serem indenizados pelas perdas causadas com a diminuição do uso de combustíveis fósseis, quando do aumento do uso de energias renováveis como a energia eólica, entre outras. Países da América latina como a Venezuela, Bolívia e Cuba ficaram mais preocupados com a política, fazer oposição e criticando os EUA do que com o objetivo principal da conferência. Importante ressaltar que o Brasil foi um dos grandes responsáveis pelo que sobrou de bom do encontro, pois foi desde o início, ou até muito antes, um dos países que demonstrou maior boa vontade em contribuir com os acordos, e foi reconhecido quando o Presidente Lula foi aplaudido por quatro vezes em seu último discurso que por sinal foi mais um desabafo sincero do que algo elaborado e calculado.
As ONGs ficaram amplamente decepcionadas com os resultados da conferência, veja abaixo:

“Para Avaaz, o documento é um "fracasso histórico" que representa o "colapso dos esforços internacionais" de assinar um acordo vinculativo que possa "deter a catastrófica mudança climática".
"O acordo está muito longe de ser justo, não é vinculativo e nem ambicioso", criticou o diretor da campanha global da organização, Ricken Patel, que reprovou que o acordo tenha sido selado por só "quatro países" em alusão aos EUA, China, Índia e África do Sul.
Atribuiu a responsabilidade pelo fracasso de Copenhague a Washington e Pequim, responsabilizando americanos e chineses por "compartilharem sua determinação de produzir um acordo débil em Copenhague".
"Cada país pagará o preço pela avareza e pelo governo imperfeito destes dois países", afirmou.
Por sua parte, a Amigos da Terra, classificou o acordo de Copenhague como "fracasso abjeto".
"Ao atrasar a ação, os países ricos condenaram milhões de pessoas, a maioria delas as mais pobres do mundo, à fome, ao sofrimento e à perda da vida conforme a mudança climática se acelera", apontou o presidente da entidade, Nnimmo Bassey.
Assinalou que sente "nojo" pelo "fracasso dos países ricos" na hora de fixar objetivos ambiciosos e acusou o bloco industrializado de "acossar" os países em vias de desenvolvimento a "aceitar menos" do que merecem.” Folha de São Paulo.
Portanto, apesar de tanta expectativa gerada, temos que aceitar o fracasso e aguardar que a COP-16 no México venha logo e com sentimentos mais nobres por parte dos países ricos e poluidores. A parte de cada ser humano é continuar sua luta particular contribuindo dia a dia para que o meio ambiente no seu entorno melhore e seja preservado, assim como a sociedade se torne mais justa.

Por Nilson Mesquita

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Coferência do Clima na Dinamarca – Tão longe e tão perto


A COP-15 – Conferência das Partes sobre o Clima, no período de 07 a 18/12/2009, em Copenhagen na Dinamarca nos parece algo tão distante que não nos causa preocupação. Na verdade nos deparamos aí com o velho hábito do imediatismo brasileiro que tem nos levado muitas vezes a nos surpreendermos com o futuro nas portas do presente e outras vezes vendo o bonde da história passar. No mundo globalizado de hoje, onde as informações são instantâneas, não podemos mais nos dar o direito de ficarmos ao largo vendo os acontecimentos nos engolirem. Ah! Estamos em Capanema no estado do Pará, cidade tão pequena, deixemos essas preocupações com os grandes líderes mundiais. Uma das coisas que chama a atenção é que a partir de agora cada vez mais o cidadão precisa ter não somente uma conduta local, mas também mundial, pois o comportamento, o hábito de qualquer comunidade em qualquer parte do mundo tem uma influência planetária. Lembramos que estamos em plena Amazônia, talvez o maior patrimônio ambiental do planeta Terra, a região que mais tem chamado a atenção da humanidade por tratar-se de uma das últimas fronteiras entre a biodiversidade, a vastidão do verde com seu imenso estoque de oxigênio e capacidade de absorção de Gás Carbônico e a desenfreada devastação ambiental onde o ser humano comporta-se como verdadeiro vampiro do seu próprio sangue, a natureza.
O grande dilema é que precisamos continuar o desenvolvimento econômico evitando o crescimento da fome e da pobreza, porém sem agressão do meio ambiente. Está aí justamente a idéia da sustentabilidade que se torna hoje a palavra chave para as ações de ordem econômica, sociais e ambientais, sejam internacionais, federais, estaduais ou municipais.
A lucratividade desmedida do capitalismo selvagem ainda tão evidente nas ações empresariais deve cair por terra dando lugar à sustentabilidade onde a Responsabilidade Socioambiental é o principal sustentáculo.
Uma nova economia está nascendo, onde a energia deve ser renovável, o lixo ou resíduos reciclados, o empresário deve olhar o seu entorno e colaborar com a comunidade onde sua empresa está inserida e contribuir para que o meio ambiente seja sempre protegido, o consumidor deve exigir e só comprar produtos sustentáveis.
A nossa parte, cidadãos comuns, é de participar desse processo de forma integral, protagonizando a proteção do planeta de onde estivermos, pois não há mais lugar para a alienação e mesquinharias, não é questão também de caridade ou solidariedade, agora só a unificação de ações globais pode salvar o planeta, não esquecendo que nossa pequena Capanema é parte importante e vibrante desse processo.
Lá em Copenhagen, na Dinamarca, a sociedade civil briga do lado de fora dos grandes salões de debates, pois como diz um cartaz da ONG Greenpeace, “não precisamos do discurso de grandes políticos, mas das ações dos grandes líderes”.

Nilson Mesquita

sábado, 28 de novembro de 2009

Declaração é preparada para a cúpula de Copenhague


Esta quinta-feira se levará a cabo as deliberações entre os representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Suriname e Venezuela para elaborar uma declaração conjunta que será apresentada diante da Cúpula da Mudança Climática que se realizará na cidade de Copenhague, Dinamarca.
A Amazônia é a região selvagem mais extensa do mundo e dentro dela conserva a maior reserva de biodiversidade que possui o planeta, por isso é definida pela humanidade como o principal pulmão vegetal da humanidade.
Diante do perigo que representam o corte indiscriminado de árvores produto dos traficantes de madeira, assim como a contaminação dos rios e chãos produto da mineração ilegal, os países que conformam esta vasta região decidiram criar em 3 de julho de 1978 a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica para promover políticas dirigidas a fomentar o desenvolvimento harmônico da região.
Recentemente o presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs o encontro que se desenvolverá esta quinta-feira para discutir uma proposta comum das nações que conformam esta organização territorial, diante da Cúpula de Copenhague.
A respeito, o embaixador da Venezuela diante da nação carioca, Julio García Montoya, indicou que este encontro é de suma importância na busca de preservar a integridade do território amazônico e suas riquezas naturais.
“Esta reunião é para definir uma estratégia comum e decisiva diante da Cúpula de Copenhague e deverá estar definida por um caráter de defesa deste território diante da crescente contaminação que se registra no mundo produto da emissão por parte das grandes potencializa dos gases de efeito estufa”, explicou.
A esta reunião estará presente em qualidade de convidado especial o presidente da República da França, Nicolas Sarkozy, quem em companhia do mandatário brasileiro participará das atividades que levarão a cabo os representantes dos governos amazônicos na cidade de Manaus.
Fonte: Mercado Ético
Adaptação Nilson Mesquita

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Inpe detecta 400 km² de desmatamento em setembro


A devastação, se comparada à ocorrida no mesmo mês do ano passado (587 km²) representa uma queda de 31%. O Inpe não conseguiu diagnosticar o desmatamento em 18% da área monitorada por causa da presença de nuvens.
Durante todo o mês de setembro, a Amazônia sofreu 400 km² de corte raso ou degradação progressiva de sua floresta. Foi o que constatou o sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa devastação, se comparada à ocorrida no mesmo mês do ano passado, 587 km², representa uma queda 31%.
O Inpe não conseguiu diagnosticar o desmatamento em 18% da área monitorada por causa da presença de nuvens, que cobriu 28% do Pará e 19% do Amazonas.
Neste contexto, o Estado campeão de devastação em setembro foi Mato Grosso, com 134,23 km², seguido por Pará, com 132,73 km². Depois vieram Rondônia (70,65 km²), Amazonas (31,09 km²), Maranhão (14,31 km²), Acre (8,61 km²), Roraima (7,41 km²) e Tocantins (0,95 km²).
Altamira, no Pará, foi o município com o maior desmatamento no período, 47,25 km². Porto Velho (RO), com 46,12 km² de desflorestamento, foi o segundo e Tucuma (PA) o terceiro, com 28,23 km² de devastação.
Acumulado
De janeiro a setembro deste ano, o Deter constatou 2.856 km² de desmatamento na floresta amazônica. O Estado que mais desmatou até agora foi Pará, com 1408,50 km² de devastação, seguido por Mato Grosso, com 891,17 km², e Rondônia (221,89 km²).
O mês mais crítico do ano foi julho, quando o sistema detectou alerta de desmatamento em 836,41 km² da floresta.
Já nos últimos 12 meses - de outubro de 2008 a setembro de 2009 - o Deter diagnosticou 3.929 km² de devastação florestal na Amazônia, sendo o Pará o campeão de desmatamento, com 1939,92 km² de devastação, seguido por Mato Grosso, com 1222,35 km².

Fonte Mercado ético/amazonia.org.br
Adaptação Nilson Mesquita

domingo, 4 de outubro de 2009

Espiritismo e Ecologia



André Trigueiro lançou em setembro pela FEB o livro "Espiritismo e Ecologia". Veja sua entrevista no link acima e a biografia abaixo.

Jornalista com Pósgraduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, Coordenador Editorial e um dos autores do livro "Meio Ambiente no século XXI", (Editora Sextante, 2003); Desde 1996 vem atuando como repórter e apresentador do “Jornal das Dez” da Globonews, canal de TV a cabo onde também produziu, roteirizou e apresentou programas especiais ligados à temática socioambiental. Pela série "Água: o desafio do século 21" (2003), recebeu o Prêmio Imprensa Embratel de Televisão e o Prêmio Ethos Responsabilidade Social, na categoria Televisão. É voluntário da Rádio Viva Rio (AM 1180 kwz), onde apresenta o quadro "Conexão Verde"; e comentarista da Rádio CBN (860 Kwz) onde apresenta aos sábados e domingos o quadro "Mundo Sustentável". É consultor e articulista do site www.ecopop.com.br e consultor do WWF. Presidiu o Júri da VI Edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás.
Ganhou em setembro de 2009 o prêmio Comunique-se 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Artista de rua, São Paulo. O sonho além de todas as fronteiras, além da razão, simplesmente sonho!














O artista de rua sonha,
vive um mundo só dele,
pede para cada um que passa,
uma ajuda, um empurrão.

O artista de rua sonha,
com sua roupa pobre,
com suas latas feito tambores,
com seus pratos de fome,
seu chapéu de moedas.

O artista de rua sonha,
um dia não ser de rua,
a rua para ele é o palco,
a esquina, porta de entrada,
o chão que pisa é sua casa,
o céu é o teto, os camarotes,
a cidade toda é o teatro.

O artista de rua sonha,
pois seu sonho já é realidade,
não lhe falta reconhecimento,
um e outro lhe vê, outros tantos lhe ouvem,
que o artista continue assim,
tomara que seu sonho seja eterno,
mesmo invisível na metrópole,
mas realizado e materializado na atitude.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Betinho, Cidadão do mundo - Um modelo sempre atual para o Brasil, um campeão de cidadania

Terceiro de uma série de oito irmãos, completou, em 1962, os cursos de Sociologia e Política e de Administração Pública na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais.

Com o golpe de 64, passou a atuar na resistência contra a ditadura militar, dirigindo organizações de cunho democrático no combate ao regime que se instalava. No começo da década de 70, foi para o exílio e, como no poema de Brecht, trocava de país como quem trocava de sandálias. Morou primeiro no Chile, em Santiago, onde deu aula na Faculdad Latinoamericana de Ciencias Sociales e atuou como assessor do presidente Allende.

Conseguiu escapar do sangrento golpe militar do general Pinochet, indo para a embaixada do Panamá, em 1974. Seguiu depois para o Canadá e México. Exerceu, nessa época, diversos cargos: diretor do Conselho Latino-Americano de Pesquisa para a Paz (Ipra), consultor para a FAO sobre projetos e migrações na América Latina e coordenador do Latin American Research Unit (Laru), entre outros. Foi, ainda, professor efetivo no Doutorado de Economia da Divisão de Estudos Superiores, na Faculdade de Economia da Universidade Nacional Autonoma do Mexico, e diretor de Brazilian Studies, no Canadá.

Com o crescimento dos movimentos pela democratização dos meios de comunicação no Brasil, seu nome tornou-se um dos símbolos da campanha pela anistia.

Em 1979, retornou ao país e envolveu-se inteiramente nas lutas sociais e políticas, sempre se propondo a ampliar a democracia e a justiça social. No início dos anos 80, ajudou a fundar o ISER - Instituto de Estudos da Religião -, presidiu a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS - ABIA, fundada, em 1986 e uma das primeiras e mais influentes instituições do País, preocupada com a organização da defesa dos direitos das pessoas portadoras do HIV ou doentes com AIDS. Além disso, dedicou-se à Coordenação-Geral do IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas -, cargo ocupado até os últimos dias, com firme resistência física e brilhante lucidez e consciência da realidade brasileira, cuja perversidade - exclusão social, concentração de renda e controle político - nunca deixou de denunciar.

A natureza não foi benevolente com o cidadão Betinho. Hemofílico, contraiu a aids em uma das inúmeras transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter. Por essa mesma condição genética, em 1988, em um intervalo de três meses, Betinho perdeu dois irmãos: o cartunista Henfil, aos 43 anos, famoso pelo uso hábil e criativo do humorismo na crítica à ditadura militar, mesmos nos seus piores momentos de repressão à livre expressão política; e o músico Chico Mário, com apenas 39 anos. Mesmo abalado por estes acontecimentos, Betinho nunca abandonou a militância política, sempre presente em cada evento que levantasse a bandeira do humanismo.

Morreu aos 61 anos, em 9 de agosto do mesmo ano, em sua casa, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, com 61 anos de idade, vítima da hepatite C. Em 11 de agosto, o corpo do sociólogo foi cremado. A seu pedido, as cinzas foram espelhadas em seu sítio em Itatiaia.

A campanha contra a fome ganhou as ruas em 1993 e chegou ao final daquele ano com total aprovação da sociedade - 96% de concordância, segundo o Ibope. Sua figura humana adquiriu, então, notoriedade definitiva como o incansável Coordenador da "Ação pela Cidadania contra a Fome e a Miséria", que pretendia ir além de um movimento social de caráter assistencialista, para aglutinar outros movimentos e iniciativas individuais e comunitárias em todo o País. A "Campanha do Betinho" foi tão polêmica quanto popular e o seu sentido político maior, razão principal da polemização em torno de suas ações, tinha por objetivo final a promoção da cidadania, do direito ao emprego e da luta pela terra, etapa final do programa de ação planejado e o maior legado público da vida deste brasileiro humanista.

No ano de 1994, lançou a Campanha "Natal sem Fome", que arrecadou, no primeiro ano, 600 toneladas de alimentos. Em agosto do mesmo ano, fez um pronunciamento na ONU, na reunião preparatória para a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Social. Houve, ainda, dois momentos marcantes: a Caminhada pela Paz do Movimento Reage Rio, em novembro de 1995; e o desfile no carnaval de 1996, quando Betinho foi enredo da Escola de Samba Império Serrano, no Rio de Janeiro, cujo tema foi: "E verás que um filho teu não foge à luta". Em julho de 1997, num encontro com empresários de todo o país, lançou a campanha de adesões ao Balanço Social, uma espécie de balanço financeiro onde os indicadores são os investimentos sociais feitos por empresas.

Ao longo de sua trajetória, publicou, ainda, diversos livros, artigos e ensaios, sempre com a mesma preocupação de criticar as estruturas que tornam a vida difícil e injusta para milhões de pessoas.

Algumas de suas frases

O Brasil tem fome de ética e passa fome em conseqüência da falta de ética na política.

O jovem não é o amanhã, ele é o agora.

Só a participação cidadã é capaz de mudar o país.

Solidariedade, amigos , não se agradece, comemora-se.

Não sou otimista babaca, mas otimista ativo.

Miséria é imoral. Pobreza é imoral. Talvez seja o maior crime moral que uma sociedade possa cometer.

Quando uma sociedade deixa matar crianças é porque começou seu suicídio como sociedade.

Um país não muda pela sua economia, sua política e nem mesmo sua ciência; muda sim pela sua cultura.

É preciso olhar a propriedade da terra com o olhar da democracia, com o olhar da vida, e não com o olhar da cobiça, da cerca, da violência...

É importante ver, com os dois olhos, os dois lados - para mudar uma única realidade, a que temos.

Essas crianças estão nas ruas porque, no Brasil, ser pobre é estar condenado à marginalidade. Estão nas ruas porque suas famílias foram destruídas. Estão nas ruas porque nos omitimos. Estão nas ruas e estão sendo assassinadas.

Para nascer um novo Brasil, humano, solidário, democrático, é fundamental que uma nova cultura se estabeleça, que uma nova economia se implante e que um novo poder expresse a sociedade democrática e a democracia no Estado.

O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nossas praias estão merecendo a atenção para o tema limpeza, em julho, por exemplo, na temporada de férias na praia do Atalaia, em Salinópolis, nordeste do Pará, a situação no final do dia causa até nojo, tal é a sujeira que os banhistas deixam. Todo esse lixo segue para o mar quando da enchente e é levado mar adentro contribuindo de forma decepcionante para a poluição e descontrole ambiental. Não podemos culpar sempre as autoridades e governos pela nossa falta de educação básica, já está na hora de buscarmos nossa Educação Ambiental e não temos porque nos desculpar mais pois esse tema até já virou moda e é falado sempre pela imprensa, nas escolas, nas ruas, etc. Falta a nossa parte. Chegou a hora de nos autodisciplinarmos e cumprirmos nossa obrigação como cidadãos do mundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Marina Silva por Leonardo Boff numa visão de Paulo Freire: um novo olhar sobre o Brasil



Leonardo Boff, o teólogo que enfrentou o poder e os dogmas da igreja, como sempre apresenta uma opinião muito lúcida e acima de tudo, feliz ao citar a presença de Marina Silva como um novo paradigma no processo político brasileiro para 2010. Levanta a idéia de que essa presença deve ser vista acima de tudo como um processo educativo, lembrando o mestre Paulo Freire.

Eis o artigo.

Erram os que pensam que a saida da senadora Marina Silva do PT obedeçe a propósitos oportunistas de uma eventual candidatura à Presidência da República. Marina Silva saiu porque possuía um outro olhar sobre o Brasil, sobre o PAC (Programa de Acelaração do Crescimento) do governo que identifica desenvolvimento com crescimento meramente material e com maior capacidade de consumo. O novo olhar, adequado à crescente consciência da humanidade e à altura da crise atual, exige uma equação diferente entre ecologia e economia, uma redefinição de nossa presença no planeta e um cuidado consciente sobre o nosso futuro comum. Para estas coisas a direção atual do PT é cega. Não apenas não vê. É que não tem olhos. O que é pior.

Para aprofundar esta questão, valho-me de uma correspondência com o sociólogo de Juiz de Fora e Belo Horizonte, Pedro Ribeiro de Oliveira, um intelectual dos mais lúcidos que articula a academia com as lutas populares e as Cebs e que acaba de organizar um belo livro sobre “A consciência planetária e a religião”(Paulinas 2009) Escreve ele:

“Efetivamente, estamos numa encruzilhada histórica. A candidatura da Marina não faz mais do que deixá-la evidente. O sistema produtivista-consumista de mercado teima em sobreviver, alegando que somente ele é capaz de resolver o problema da fome e da miséria - quando, na verdade, é seu causador. Acontece que ele se impôs desde o século XVI como aquilo que a Humanidade produziu de melhor, ajudado pelo iluminismo e a revolução cultural do século XIX, que nos convenceram a todos da validade de seu dogma fundante: somos vocacionados para o progresso sem fim que a ciência, a técnica e o mercado proporcionam. Essa inércia ideológica que continua movendo o mundo se cruza, hoje, com um outro caminho, que é o da consciência planetária. É ainda uma trilha, mas uma trilha que vai em outra direção”.

“Muitos pensadores e analistas descobriram a existência dessa trilha e chamaram a atenção do mundo para a necessidade de mudarmos a direção da nossa caminhada. Trocar o caminho do progresso sem fim, pelo caminho da harmonia planetária”.

“Esta inflexão era a voz profética de alguns. Mas agora, ela já não clama mais no deserto e sim diante de um público que aumenta a cada dia. Aquela trilha já não aparece mais apenas como um caminho exclusivo de alguns ecologistas mas como um caminho viável para toda a humanidade. Diante dela, o paradigma do progresso sem fim desnuda sua fragilidade teórica e seu dogma antes inquestionável ameaça ruir. Nesse momento, reunem-se todas as forças para mantê-lo de pé, menos por meio de uma argumentação consistente do que pela repetição de que “não há alternativas” e que qualquer alternativa “é um sonho”.

“É aqui que situo a candidatura da Marina. É evidente que o PV é um partido que pode até ter sido fundado com boas intenções mas hoje converteu-se numa legenda de aluguel. Ninguém imagina que a Marina - na hipótese de ganhar a eleição - vá governar com base no PV. Se eventualmente ela vencer, terá que seguir o caminho de outros presidentes sul-americanos eleitos sem base partidária e recorrer aos plebiscitos e referendos populares para quebrar as amarras de um sistema que “primeiro tomou a terra dos índios e depois escreveu o código civil”, como escreveu o argentino Eduardo de la Cerna”.

“Mesmo que não ganhe, sua candidatura será um grande momento de conscientização popular sobre o destino do Brasil e do Planeta. Marina Silva dispensará os marqueteiros, e entrarão em campanha os seguidores de Paulo Freire”.

“Esta é a diferença da candidatura Marina. Serra, do alto da sua arrogância, estimula a candidatura Marina para derrubar Lula e manter a política de crescimento e concentração de riqueza. Lula, por sua vez, levanta a bandeira da união da esquerda contra Serra, mas também para manter a política de crescimento e de concentração da riqueza, embora mitigada pelas políticas sociais”.

“Marina representa outro paradigma. Não mais a má utopia do progresso sem fim, mas a boa utopia da harmonia planetária. A nossa visão não é restrita a 2010-2014. Estamos mirando a grande crise de 2035 e buscando evitá-la enquanto é tempo ou, na pior das hipóteses, buscar alternativas ao seu enfrentamento.

É por isso, por amor a nossos filhos, netos e netas, temos que dar força à candidatura da Marina. E que Paulo Freire nos ajude a fazer dessa campanha eleitoral uma campanha de educação popular de massas”.
Digo eu com Victor Hugo:”Não há nada de mais poderoso no mundo do que uma idéia cujo tempo já chegou”

Mercado Ético

Adaptação: Nilson Mesquita