Com o advento dos movimentos de rua em todo o país, surge em
vários canais de comunicação reflexões, artigos, pensamentos que levantam a
questão da validade e da efetividade de conquistas sociais com o uso da
violência. Existe o movimento Black Block, surgido em várias partes do mundo,
que se autodenomina anarquista, onde normalmente jovens encapuzados enfrentam a
polícia e as autoridades constituídas com coquetéis molotov, ateiam fogo em
veículos, quebram vidraças, buscam pela pressão da violência uma resposta mais
imediata para suas reinvindicações. Não podemos simplesmente rotulá-los de
baderneiros, vândalos como a maioria da mídia faz, sem antes refletir sobre o
que leva pessoas de costumes normais, até pacíficos no cotidiano, a decidir
pela agressão material do patrimônio publico. Primeiro é importante verificar
que, à semelhança de um animal ferido, o ser humano, que também tem seus
instintos animais, pode agir de forma violenta quando se vê acuado. Trata-se no
caso das inúmeras injustiças sociais de representantes do povo que se comportam
como verdadeiros déspotas, arbitrários, abusando sobremaneira da autoridade,
concedida a eles pela lei, para cuidar com carinho e idoneidade da coisa
pública e principalmente dos cidadãos, sejam eles quem forem.
Se avaliada apenas emocionalmente, considerando um sistema
político decepcionante e desmotivador, onde as urnas são o foco principal da
ação dos corruptos e arrogantes políticos; a maioria dos recursos vindo do povo
são indevidamente apropriados; o benefício sempre de uma minoria que foi
colocada na função de representantes do povo com uma grande expectativa e até
sonhos: Podemos ficar tão indignados e decepcionados que pode não restar nada a
não ser uma revolta desconcertante que pode abalar toda a estrutura
comportamental e ver a violência como única forma de exercer a cidadania e
provocar as mudanças necessárias.
Esse debate precisa ser bem ampliado, pois a violência vem de
todos os lados, e principalmente dos governantes, a corrupção é criminosa,
rasteira, secreta, egocêntrica, mata de fome, fome de comida, de conhecimentos,
de educação, mata de mentiras, de demagogia, distorce todos os valores da
sociedade, e o pior, parece ser hereditária, não para de crescer, é uma
violência incrível, infeliz, revoltante.
Mas, mas, e mas, não, não podemos cair nesse poço, a
humanidade já cresceu, já fez muitas conquistas, com violência e sem violência,
porém, todos os valores humanos nos levam para a busca da paz, o ser humano não
se sente bem de forma violenta, a consciência lhe impõe naturalmente barreiras
que vem do íntimo, das profundezas onde a paz alimenta nossa felicidade.
Sou daqueles que acreditam que estamos evoluindo, crescendo,
que a maioria é feita de gente boa, honesta, que a natureza é do bem, que
podemos fazer nossas conquistas pacificamente. Um personagem bem marcante que
corrobora com a vitória da não violência é a figura absolutamente iluminada de
Nelson Mandela, hoje já nos seus últimos momentos no planeta terra. Acho que
não podemos imaginar o sofrimento da África do Sul com o Apartheid, onde a cor
de uns fazia com que se sentissem superiores aos outros. Levou muito tempo e
sofrimento, mas o grande herói à frente de um povo determinado chegou lá e foi
a grandeza de espírito desse homem que fez com que todas as pessoas se unissem
independente de cor, sendo o perdão um dos sentimentos essenciais para libertar
o povo das mágoas de longos anos de violência.
A violência é um mal! Uma doença da humanidade ainda em
processo de cura. Mas nem sempre é mau quem é violento! Ponto!
Caboco Nirso
Nenhum comentário:
Postar um comentário