sábado, 31 de julho de 2010

Brasil debate se felicidade é um estado passageiro ou direito constitucional

A felicidade é um estado momentâneo e passageiro de espírito ou tem que ser garantida pelo Estado? O debate está aberto no Brasil, onde se questiona se a Constituição deve colocar 'ser feliz' entre os direitos fundamentais.


"São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança (pessoal e social), a proteção da maternidade e da infância e a assistência aos desemparados", diz o parágrafo que o "Movimento Mais Feliz" deseja que seja incluído na Constituição.


Pelas mãos dessa organização não-governamental, o assunto chegou ao Senado, onde o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, do (PDT), já organizou um debate sobre a proposta.


Muitos dizem, e inclusive algumas pesquisas confirmam, que não existe um país mais feliz em toda América do Sul do que o Brasil. Só outras duas nações o superam em todo o continente (Costa Rica e Canadá).


Uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup e publicada pela revista "Forbes" no começo de junho coloca o Brasil na 12ª posição, junto ao Panamá, entre os lugares mais felizes do mundo.


A pesquisa foi feita em 155 países entre 2005 e 2009 e, no caso dos brasileiros, mais da metade da população se considera "feliz" e menos de 2% dizem estar "sofrendo".


A questão da felicidade é tão antiga como o homem e países como os Estados Unidos, França, Japão e Coreia do Sul já incluíram esta palavra na própria Constituição.


A felicidade é adotada cada vez mais por diversas nações como um dos principais parâmetros para medir o bem-estar de uma sociedade.


O Butão, um pequeno reino do Himalaia situado entre a China e a Índia, foi pioneiro em iniciativas dirigidas a conhecer o grau de satisfação de seus habitantes e criou há duas décadas o índice da Felicidade Interna Bruta (FIB).


No caso do Brasil, a proposta é que os direitos sociais, que estão enumerados no sexto artigo da Constituição, sejam considerados essenciais para a "busca da felicidade".


O senador Buarque, o parlamentar mais entusiasta do projeto, explicou à Agência Efe que o texto proposto tem o objetivo de "humanizar a Constituição, levando o conceito político (dos direitos) a um nível mais humano, que coincide com a felicidade", para "conscientizar às pessoas sobre dos direitos sociais".


O fundador do movimento, Mauro Motoryn, que se declara um homem feliz, explicou à Efe que o "Estado tem que criar as condições essenciais para que as pessoas sejam felizes", não só assegurar direitos como educação e saúde, mas para que "sejam de qualidade" e o cidadão possa "alcançar a felicidade".


Até a Igreja Católica participou do debate, enviando um representante a uma sessão do Congresso para dizer que prefere que na Constituição se fale de "bem-estar individual", pois segundo o Episcopado brasileiro a noção de felicidade é "algo subjetivo".


Daniel Seidel, secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz do Episcopado, considera a proposta "uma grande campanha de marketing", porque o que realmente impede a felicidade dos cidadãos é a "corrupção e os políticos corruptos que roubam o dinheiro público".


Morotyn disse à Efe que, nos primeiros dias do mês de agosto, o movimento apresentará a proposta à Câmara dos Deputados, onde se deverá começar a decidir se o Brasil será um país feliz também segundo a lei. EFE

Stefania Pelusi

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Qual o legado da crise com os pedófilos na Igreja?



No século XVI no auge do poder dos Papas renascentistas em Roma envoltos em escândalos de toda ordem, surgiu um clamor em toda a Igreja de “reforma na cabeça e nos membros”. Esse clamor vinha dos leigos, do baixo clero e dos teólogos como Lutero, Zwinglio e outros. Em resposta veio a Contra-Reforma que transformou a Igreja Católica num baluarte contra o movimento dos Reformadores, enrijecendo ainda mais suas estruturas de poder.
Agora o escândalo dos padres pedófilos em vários países católicos fez com que surgisse também um vigoroso clamor por reformas estruturais na Igreja. Ele não vem apenas de baixo como no tempo da Reforma, mas principalmente de cima, de cardeais e bispos. Primeiramente, este pecado, este crime gerou uma desastrosa gestão do Vaticano. Inicialmente tentou-se desqualificar os fatos como “fofocas mediáticas”; depois, procurou-se ocultá-los, usando até o “sigilo pontifício” a pretexto de salvaguardar a presumida santidade intrínseca da Igreja; em seguida, minimizaram-se os fatos, ou criou-se o factóide de um complô de obscuras forças laicistas contra a Igreja e por fim, face à impossibilidade de qualquer via de desculpa e de fuga, a verdade incômoda veio à tona.
O Papa tomou medidas severas contra os pedófilos, consideradas insuficientes por muitos da própria Igreja. Pois, não basta a “tolerância zero” e as punições canônicas e civis. Tudo isso vem a posteriori, depois de cometido o delito. Nada se diz como evitar que tais escândalos se repitam e que reformas introduzir na vivência do celibato e na educação dos candidatos ao sacerdócio. Não se coloca como prioritária a salvaguarda das vítimas inocentes, muitas delas revelando um tenebroso vazio espiritual, fruto da traição que sentiram da Igreja, num misto de culpa e de vergonha.
Em seguida, as altas autoridades fizeram-se mutuamente graves acusações. O Card. Cristoph Schönborn de Viena acusou o Cardeal Angelo Sodano, quando era Secretário de Estado (o primeiro posto depois do Papa) de ter ocultado a pedofilia de seu antecessor na sede, o Card. Hans-Herrman Groër. Bispos alemães criticaram a conferência episcopal de não ter sido suficientemente vigilante face aos notórios abusos sexuais do bispo de Ausgburg Walter Mixa, obrigado a renunciar. O mesmo refere-se ao bispo de Bruges da Bélgica que abusou por 8 anos de um seu sobrinho.
Impactante é a autocrítica feita pelo arcebispo de Camberra Mark Coleridge, reconhecendo que a moral da Igreja concernente ao corpo e à sexualidade é rígida e de estilo jansenista, criando nos seminaristas uma “imaturidade institucionalizada”, além da tendência à discreção e ao segredo face aos delitos, para manter o bom nome da Igreja, fruto de um hipócrita triunfalismo. O primaz da Irlanda Diarmuid Martin se perguntou sinceramente pelo futuro da Igreja em seu país, tal o número de pedófilos nas instituições e por muitos e longos anos. Reconhece que reformas são urgentes, pois, a Igreja “não pode ficar aprisionada em seu passado” mas deve introduzir mudanças fundamentais em sua estrutura que impeçam tais desvios. Talvez o documento mais lúcido e corajoso veio do bispo auxiliar de Camberra, Pat Power. Este cobra “uma necessária reforma sistêmica e total das estruturas da Igreja”. Afirma que “na condução da Igreja, toda masculina, não reside toda a sabedoria, mas que ela deve ouvir a voz dos fiéis”. Com coragem reconhece que “se as mulheres tivessem mais poder de decisão, não chegaríamos à crise atual”.
Poderíamos aduzir outras vozes de altas autoridades eclesiásticas. Mas o importante é constatar que este escândalo que afetou o capital de ética e de confiança da Igreja-instituição, paradoxalmente deixou um legado positivo: suscitou a questão das reformas de base, aprovadas pelo Concílio Vaticano II. Estas, porém, foram boicotadas pela Cúria vaticana e pelos dois últimos Papas que se alinharam à uma visão conservadora e contrária à toda modernidade.
Os que amamos a Igreja com suas luzes e sombras queremos entender a atual crise como uma oportunidade suscitada pelo Espírito para que a Igreja-instituição, realmente, encontre a forma melhor de transmitir a boa-nova de Jesus e ajude a humanidade a enfrentar uma crise ainda maior, aquela do sistema-vida e do sistema-Terra, terrivelmente ameaçados.
Leonardo Boff

segunda-feira, 26 de julho de 2010

As lições de um país verde


O país que produz quase metade da energia solar no mundo tem mais dias nebulosos que ensolarados. Parece, no mínimo, um investimento equivocado, mas o motivo de as coisas serem desse jeito explica, em grande parte, o porquê de a Alemanha estar à frente na batalha contra a dependência dos combustíveis fósseis – intensificada com o combate ao aquecimento global e, agora, ainda mais urgente depois do vazamento de petróleo no Golfo do México. Desde muito cedo, os alemães reconheceram a importância da transição para uma economia mais limpa e, recentemente, começaram a colher os frutos de seu pioneirismo.

A Alemanha parece estar em um ritmo completamente diferente das grandes potências. Enquanto a maré negra se espalha e o Brasil só tem olhos para a exploração do pré-sal, os alemães anunciaram uma meta arrojada: em 2050, a previsão é de que toda a eletricidade produzida no país venha de fontes renováveis, como solar, eólica ou biomassa. No ano passado, as fontes alternativas responderam por 16,1% da eletricidade gerada no país. Reportagem de Priscila de Martini, no Zero Hora.

O segredo alemão não é nenhum mistério, e a própria Alemanha busca disseminar as experiências que deram certo para o resto do mundo. O primeiro fator foi uma mudança de postura, que para os europeus ocorreu já na década de 70. Ao contrário dos demais países, a Alemanha resolveu responder à crise do petróleo da época com o investimento em energias limpas. O resultado são décadas de estudos que levaram o país à liderança em tecnologia no setor. Grande parte dos mais modernos equipamentos – de células solares fotovoltaicas a turbinas eólicas – é produzida em território alemão.

– Há muito intercâmbio com a Alemanha, mandamos muitos pesquisadores para universidades de lá. Inclusive, temos aqui na UFRGS um pequeno gerador eólico de uma empresa alemã – diz o peruano Harold Deza Luna, pesquisador em energias renováveis do Laboratório de Transformação Mecânica da UFRGS.

Mas não é só tecnologia que a Alemanha exporta. A legislação criada pelo país para impulsionar a produção de energia renovável foi copiada por cerca de 70 nações mundo afora. A principal delas entrou em vigor em 2000: a Erneuerbare-Energien-Gesetz, conhecida pela sigla EEG – que, segundo Luna, é a maior lição alemã para o Brasil. É o que pensa também a americana Piper Foster, da Sopris Foundation, dos EUA.

– Essa é a medida isolada mais poderosa para combater as mudanças climáticas e incentivar as energias renováveis – disse a pesquisadora, que está há mais de um ano em Berlim para estudar as experiências alemãs no desenvolvimento de energias limpas.

Pela EEG, todo cidadão pode montar uma pequena central de energia de fontes renováveis, que é ligada à rede elétrica. As operadoras do país são obrigadas a comprar o que for produzido em excedente, pagando tarifas preestabelecidas, que valem por 20 anos. Os valores variam de acordo com o tipo de energia, sendo mais altos para as fontes que custam mais e que precisam ser mais desenvolvidas, como a solar fotovoltaica. A diferença de preço é repassada para os consumidores, que têm um pequeno aumento na conta de luz. Assim, o custo-benefício da instalação da tecnologia para esse tipo de energia torna-se muito interessante.

Muitos governos ainda não fazem grandes investimentos em energias renováveis devido ao alto custo. Isto, segundo Piper, é um erro que poderá colocar empresas e países em uma situação muito vulnerável no futuro.

– Quando as pessoas dizem que energia renovável é cara, ignoram o fato de que o preço dos combustíveis fósseis está aumentando e que carvão, gás natural e petróleo estão acabando. Apesar de o custo das energias renováveis ser mais alto no início, podemos prever seu custo no longo prazo, porque vento e sol são gratuitos – finaliza.

(EcoDebate)

domingo, 25 de julho de 2010

Ser pedra ou ser vidraça, eis a questão

O ambiente político de uma cidade, de um estado ou país, é formado por cidadãos que discutem nas ruas, nos órgãos públicos, no ambiente de trabalho, nas suas residências, como gostariam que as decisões fossem tomadas pelos nossos representantes.

Ficam esquecidos muitas vezes como agiram, como se comportaram no momento de votar. Quanta seriedade tiveram diante da urna, aquela maravilhosa caixa eletrônica, onde os dedos perambulam o que as mentes cheias de esperança manifestam.

Esse, o momento certo de ser pedra, apedrejando a corrupção, a mentira, as promessas hipócritas, a incompetência, enfim, todas as mazelas políticas que nossos ancestrais já sofreram na pele o que nós teimamos em manter, muitas vezes com o primeiro sorriso falso ou uma palavra eivada do verniz social, mas sem profundidade ética e sinceridade.

- Não gosto de política, dizem alguns. - Todo político é ladrão, gritam outros, desdenhando a arte de governar. Mas aí vem o grande filósofo Platão com sua inequívoca sabedoria e traz essa pérola: “A desgraça daqueles que se desinteressam pela Política é serem governados pelos que se interessam.”

Existem pedras das mais diversas qualidades, posso, por exemplo, ser uma pedra preciosa ou uma pedra bruta sem valor nenhum. Significa que mesmo sendo pedra posso ter também as qualidades do respeito, da ética, da justiça, da responsabilidade social, que vai me manter sempre na condição de um interlocutor cuja opinião terá o maior valor seja para um amigo ou para um adversário.

“Quem está na chuva, tem que se molhar”, essa é uma boa frase para aqueles que tomam a importante decisão de representar um grupo de pessoas para em seu nome decidir de forma responsável quais os caminhos seguir.

Tornam-se vidraça. Serão julgados pelas mais diversas “pedras”, podem, porém se fortalecer com o tempo e o grande tempero do vidro será o comportamento ético, o esforço e o desejo de acertar. A história comumente é a sua única aliada e chega às vezes tarde demais com suas verdades. Talvez estas sejam aqueles belíssimos vitrais das grandes catedrais que o tempo só aviva e embeleza suas cores e figuras maravilhosas.

Um amigo me disse outro dia, “Só haverá mudança quando a sociedade perceber que pode COMBATER A SUA MISÉRIA e todos os outros problemas sociais ATRAVÉS DO VOTO e começar a eleger melhores representantes. A eleição nos torna sócios de nossa Cidade, de nosso Estado e de nosso País e não apenas meros espectadores de um show.

Esta a diferença entre um eleitor e um simples votante, de um “politiqueiro” e um verdadeiro político. Eis a questão!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O homem lama


O homem está lá
impávido,
lambuzado,
na sarrapilha,
naquelas gretas de contração,
como se fossem as argilas que ressecam no sol à pino,
mas o homem está lá,
sem nenhuma vergonha e nem mêdo,
enquanto alguns vagam pedintes,
outros roubando,
uns invadindo,
o homem alí está, num ócio calculado,
sem estremecimento humano ou animal,
sem sistema nervoso,
mas com esperança no rosto parado e inquieto,
finalmente é terra,
para este homem é vida.



sábado, 17 de julho de 2010

Inpe registra 109,6 km2 de desmatamentos no mês de maio



O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quinta-feira (15) os dados de desmatamento da Amazônia no mês de maio de 2010, obtidos pelo sistema Deter. Foram 109,6 km2 de florestas desmatadas.
O Inpe registrou desmatamentos em quatro estados: Mato Grosso (51,9 km2), Pará (37,2 km2), Rondônia (10,7 km2) e Amazonas (9,8 km2). Não foi possível monitorar 45% da Amazônia, que estava coberta por nuvens.
A maior parte do desmatamento detectado (56%) corresponde ao corte raso (total supressão da floresta). Cerca de 40% do desmatamento foi considerado degradação florestal de alta intensidade. Apenas 0,8% dos alertas não era desmatamento. O restante foi considerado como floresta degradada de média ou baixa intensidade.
O desmatamento de maio de 2010 foi menor do que o registrado em maio de 2009, quando o Inpe detectou 123,7 km2 desmatados. Entretanto, o instituto alerta que, devido a cobertura de nuvens, não é possível fazer a comparação entre os meses.
Já na comparação do acumulado do ano do desmatamento - que começa em agosto e termina em julho do ano seguinte - tivemos queda na quantidade desmatada. Entre agosto de 2009 e maio de 2010, foram registrados 1.567 km2 desmatados. No mesmo período do ano anterior, foram 2.960 km2. Isso representa uma queda de quase 50%.

(Amazônia.org.br)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Galeria virtual de Cartoons de Meio Ambiente


Aconteceu em Brasília em junho de 2010 o 3º Salão Internacional Pátio Brasil de Humor sobre Meio Ambiente com o tema, Preservação do Solo. Como estava passando por lá, fotografei e considerando que em muitos lugares do Brasil temos muito poucas oportunidades de ver esse tipo de evento, resolvi disponibilizar as fotografias.

De qualquer maneira não deixei de lamentar pela falta que nos faz eventos e exposições de arte em no interior. Sei que não é por falta de artistas, pois conheço vários com grande potencial. Quem sabe aparece algum movimento ativista cultural para trazer ou desenvolver atividades artísticas dando oportunidades aos nossos valores perdidos.

Uma idéia seria as lojas e/ou bancos, por exemplo, disponibilizassem seus espaços e patrocinassem lá mesmo exposições de arte e cultura em geral.