sábado, 11 de julho de 2009

Um futuro incerto - O que fazer?

O cientista ambientalista, James Lovelock, com 90 anos de idade é considerado hoje uma das maiores sumidades científicas na questão ambiental. Suas opiniões, que considero muito sensatas e embasadas, da utilização da Energia Nuclear para o combate ao Aquecimento Global e a consequente sobrevivência da espécie humana, com a diminuição da emissão de CO2 na atmosfera é uma questão bastante polêmica no meio científico.
Lovelock também é autor da Teoria de Gaia, que considera o planeta Terra como um superorganismo, onde todas as reações químicas, físicas e biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente. A teoria, que data dos anos 70, turbinou o movimento ambientalista em todo o mundo.
Na entrevista a seguir, exclusiva à BBC Brasil, Lovelock fala sobre protocolo de Kyoto, Amazônia e desmatamento, uso da energia nuclear como forma de combater o aquecimento global e a atual "gravíssima situação" na qual a Terra se encontra. Tire suas conclusões.



quinta-feira, 9 de julho de 2009

Chico Mendes - Cidadão do Mundo


Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como "Chico Mendes" (Xapuri, 15 de dezembro de 1944Xapuri, 22 de dezembrode 1988),foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Sua intensa luta pela preservação da Amazônia o tornou conhecido internacionalmente e foi a causa de seu assassinato.

Em 1987, Chico consegue que uma comissão da ONU visite o Acre para observar a luta dos seringueiros contra o desmatamento. Em março desse mesmo ano, vai a Miami participar de uma reunião do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), onde se manifestou contra o patrocínio de projetos não ecológicos. Em seguida, vai a Washington e expõe numa Comissão do Senado dos Estados Unidos o seu pensamento sobre as Reservas Extrativistas.
Principal bandeira de Chico Mendes, as Reservas Extrativistas são áreas pertencentes à União com usufruto dos seringueiros e outros trabalhadores da floresta que se organizam em cooperativas e associações, não havendo títulos de propriedade. As Reservas dão sustento aos milhares de famílias que trabalham nelas, quer sejam seringueiros, castanheiros, pescadores, trabalhadores do babaçu, da juta, do cacau, do açaí e de tantas outras riquezas que podem ser exploradas sem destruir a natureza.
Deve ser ressaltado que essas Reservas Extrativistas foram idealizadas para dar sustentação aos povos que já vivem na floresta, e jamais como uma política de ocupação do solo.
Chico Mendes tinha consciência de que a defesa da floresta não significava luta pela terra, mas, pela preservação dos recursos naturais. Na Amazônia, não é a terra que precisa ser dividida; a floresta é que não pode ser privatizada.

O que ele disse:

"Desculpem, eu estava sonhando quando escrevi esses acontecimentos, que eu mesmo não verei, mas tenho o prazer de ter sonhado."

Se Chico Mendes não fosse um seringueiro, um líder comunitário, teria sido um Poeta... Pois Profeta, já o era!

Uma linda homenagem a Chico Mendes, além de valorizar seus ideais é o poema de Jacinta Morais, de Cascavel (PR) em 2008, sobre a Amazônia, tão amada por êle.

“AMAZÔNIA” (para Chico Mendes)

Sou da Alma a centelha, do Cosmo a energia
Sou a maior fonte de todas as águas cristalinas
Sou o espírito vitorioso de Mandela
Todas as cores vibrantes da aquarela
O grande ninho de aves raras,
Sou a pomba de Picasso sobrevoando todas as esferas.
As sombras melancólicas nos girassóis de Van Gogh
De Vinícius todos os versos, desta poeta todas as rimas
E do Chico Buarque sou a sedução nos olhos e na canção.
E os murmúrios de minhas matas, são sinfonais, são orquestras
Todos os salmos, sou todos os credos
Sou até mesmo os gemidos alucinantes dos doentes terminais...
Não disputei campeonatos,
Porque sou a única que o mundo tem...
Sou mais valiosa que todos os troféus
Sou todos os “da Silva” sou do Brasil também
Não destrua ainda mais minha Alma,
Planta tua semente que serei luz fosforescente
Reflexos dourados do sol do amanhã...
Mas selvagens foram os homens que estupraram minha beleza...
Sangrando minhas entranhas
No solo sou o veludo de sangue que ainda absorve o carbono
Do teu negro progresso
Mas teu veneno amarga meus frutos
Ouça as bravuras dos rios que outrora foram mansos.
Não faças da minha madeira a tua própria Cruz!
Dorme verde lençol
De estamparias mil
Repousa no murmúrio doce dos teus rios...
Que o céu ainda é azul!



quarta-feira, 1 de julho de 2009

7ª Festa Literária Internacional de Parati


"Começa hoje a 7ª Festa Literária Internacional de Paraty e vai até domingo com a participação de 34 escritores. Esse ano, a conferência de abertura será proferida por Davi Arrigucci Jr. sobre Manuel Bandeira, o grande autor homenageado nessa edição da FLIP. Assim, o escritor será a principal figura brasileira homenageada durante esta edição do festival, que, em anos anteriores, foi dedicado a Vinícius de Moraes, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Machado de Assis"

Como seria bom dar essa notícia pelo Brasil à fora. Poucas festas literárias acontecem no nosso País. É uma pena, pois a leitura tem um poder enorme na formação de cidadãos conscientes e ativos. Nossos políticos se preparam para dizer discursos bonitos e bem elaborados, mas infelizmente ficam nisso somente, sem perceber que o desenvolvimento da educação e da cultura tem o poder de gerar inclusão social bem maior que obras físicas.

Fiquemos então com Manuel Bandeira, que em 1921 já chamava a atenção para o trabalho infantil e escravo.

Meninos carvoeiros

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

—Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.

Petrópolis, 1921