Na Praça
Batista Campos em Belém do Pará, a proliferação de aves, passarinhos e pássaros
maiores, pululando entre as folhagens espessas das árvores, é algo que chama
muito a atenção de quem visita a praça.
Num
domingo desses, passei por lá e não me contive em apreciar as quatro imensas
sumaumeiras frondosas que iluminam e embelezam poeticamente o ambiente já tão
rico e arejado.
Fiquei um
bom tempo apreciando, olhava pra cima a tal ponto e por tanto tempo que meu
pescoço endureceu naquela posição. A visão era impressionante, lembrei-me do
filme Avatar, onde a natureza mantinha uma conexão física e psíquica com os
habitantes do planeta. Acredito que o nosso também é um organismo vivo, que os
gregos denominavam de Gaia, onde a fraca sensibilidade humana ainda não
conseguiu se conectar a essa impressionante expressão do universo.
As copas
das árvores espraiam-se harmoniosamente, entrelaçando-se umas nas outras, seus galhos
imensos tocam-se e esfregam-se, num frenesi constante, suave e vibrante. De vez
em quando se ouve um estalo, é o vento soprando mais forte, emitindo seus
assobios insinuantes. Logo acima, o céu azul e alguns raios de sol, infiltrados
por entre as nuvens abrem-se ocupando o expressivo vazio entre as árvores e o
chão da praça.
O barulho
dos passarinhos, vez por outra torna-se quase ensurdecedor, mas é um ruído muito
agradável, faz cócegas no ouvido e eleva minha alma. Não é difícil se emocionar diante desse envolvimento da natureza. Lembrei de repente, que a alguns metros,
na rua ao lado, muitos carros passam, barulhentos, mas me dou conta que não os
ouço, embevecido que estou em minha conexão com a fauna e flora daquele lugar.
De
repente... pof! Cai uma espécie de líquido esbranquiçado e pastoso, certeiro, bem
na minha testa, despertei num susto do meu desligamento, passei a mão e fiz
cara feia, era cocô de passarinho.
Dos males
o menor, uma “cagada” na cabeça sempre é melhor do que uma cidade sem árvores e
sem ninhos.
Saí de lá
assobiando tranquilo. Minha manhã de domingo não poderia ter sido melhor.
Caboco
Nirso