Um dos grandes momentos do cinema é o diálogo fascinante entre o Hobbit Pippin e o Mago Gandalf, no filme O Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei. Claro que deve-se respeito às crenças e religiões, as quais entendem de forma diversa a vida após a morte, tema do diálogo dos dois personagens.
Em meio a uma guerra
terrível, a conversa inicia-se com Pippin olhando para Gandalf com olhos
marejados e medrosos:
Pippin – Nunca pensei que o fim seria assim...
Gandalf - Fim? Não, a jornada não acaba aqui. A morte é apenas
um outro caminho que todos temos que tomar. A cortina cinza deste mundo se
enrola e tudo se transforma em vidro prateado. E então você vê...
Pippin – O quê, Gandalf? Vê o quê?
Gandalf - Praias brancas... e além, os campos verdes
longínquos sobre um belo amanhecer....
Pippin – Não é tão ruim!
Gandalf – Não! Não é!
É fascinante, belo e
poético ver os dois se deliciando com essa ideia de vida futura que todos nós
vivenciaremos. Esquecem a guerra, as dificuldades, o ódio e momentaneamente se
perdem na felicidade do momento que chamamos de morte.
Toda religião tem seu
ponto de vista a respeito do assunto, fala-se de céu, inferno, nirvana,
paraíso, plano espiritual, entre outros.
A Doutrina Espírita
codificada por Allan Kardec na França em 1857, através do fenômeno da
mediunidade, buscou informações diretamente com os Espíritos. Sobre a sensação
dos Espíritos no momento da morte, em O Livro dos Espíritos, diz o seguinte
(...) ensina-nos a experiência que, por
ocasião da morte, o períspirito (corpo espiritual) se desprende mais ou menos
lentamente do corpo físico. Nos primeiros instantes, o Espírito (alma) não
compreende sua situação; não acredita que morreu; sente-se vivo; vê seu corpo
de lado, sabe que é o seu e não entende porque está separado. Essa situação
dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o períspirito (corpo espiritual).
Em outro item relata:
“Na sua volta ao mundo espiritual, o
Espírito encontra todos aqueles que conhecera na Terra e todas as suas existências
anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo
mal que fez”. (...) não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por
toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo.
É toda uma população invisível a mover-se em torno de nós”.
O certo é que não
temos porque temer a morte do corpo físico, pois estaremos retornando à nossa
verdadeira pátria, o mundo espiritual, no qual sabemos que o que mais interessa
é o nosso estado de consciência, constatando-se aí que todos os bens materiais
que tanto nos preocupamos na vida física perdem o sentido.
É essa condição
íntima que determina nossa situação nesse mundo deslumbrante e invisível para
nós que ainda estamos no corpo material.
Assim podemos dizer
com toda a certeza, a morte não existe, é apenas uma transformação, onde um
mundo novo e deslumbrante se apresenta para nossos sentidos espirituais e aí
temos finalmente nosso verdadeiro encontro com nossa intimidade, não podendo
mais esconder nosso comportamento e caráter seja dos nossos semelhantes ou de
nós mesmos.
Pro nosso consolo é
bom lembrar o que disse o personagem Pippen sobre a morte no filme O Senhor dos
Anéis, “não é tão ruim assim”.
Caboco Nirso